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Violência digital: Discord abriga grupos que aliciam e expõem crianças a crimes

Polícia aponta uso da plataforma para abusos, automutilação, pornografia infantil e transmissões violentas com participação de adolescentes

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O Discord, plataforma popular entre gamers e jovens usuários, está no centro de discussões sociais e investigações em todo o mundo. Prestes a completar 10 anos de lançamento, a ferramenta de interação tem sido usada por grupos que promovem violência digital, maus-tratos a animais, crimes reais e conteúdos extremos voltados, principalmente, a crianças e adolescentes.

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Policiais do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) começaram a analisar a rede após dois jovens no Rio de Janeiro transmitir ao vivo o momento em que um homem em situação de rua é incendiado com coquetel molotov. A vítima, que estava dormindo no momento do crime, teve 70% do corpo queimado. A live era assistida por centenas de usuários e a empresa se recusou a encerrar o evento on-line.

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Investigações apontam que a estrutura do Discord — com servidores privados e internacionais, anonimato e conteúdo que permanece acessível após o encerramento da transmissões ao vivo — transformou a plataforma em propícia para práticas criminosas, como ataques físicos, estupros virtuais, incentivos à automutilação e comercialização de pornografia infantil na rede. A análise dos policiais também destaca que esses conteúdos estão disponíveis em várias plataformas e os "moderadores" utilizam manipulação psicológica para aliciar jovens, com promessas de fama e reconhecimento.

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O aumento de casos, inclusive de desafios na internet, preocupa famílias e parlamentares, que se sentem pressionados a criar medidas de proteção mais rígidas nas plataformas digitais. Segundo o Instituto Dimicuida, ao menos 56 mortes semelhantes foram registradas no Brasil desde 2014. Sarah Raíssa, de apenas 8 anos, e Brenda Sophia, de 11 anos, morreram, com diferença de um mês, após inalar desodorante aerosol.

Para tentar conter o avanço dessas práticas, o Discord lançou, em julho de 2023, a ferramenta Central da Família, que oferece aos pais um resumo semanal das interações dos filhos — como novos amigos e comunidades acessadas. No entanto, o conteúdo das conversas segue inacessível. Especialistas alertam que as medidas ainda são insuficientes diante da gravidade dos casos e da velocidade com que novas ameaças digitais se espalham entre os jovens.

Recentemente, a empresa também iniciou testes com escaneamento facial para verificar a idade de usuários no Reino Unido e na Austrália, visando barrar o acesso de menores a conteúdos sensíveis. A iniciativa experimental deve se expandir para outros países em breve.

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