Veja o que se sabe sobre o assassinato de dois funcionários da Embaixada de Israel nos EUA
Vítimas, que estavam prestes a ficar noivos, foram mortas a tiros próximo ao Museu Judaico de Washington; autor do crime foi preso

Giovanna Tuneli
Dois funcionários da embaixada de Israel nos Estados Unidos foram mortos a tiros na noite de quarta-feira (21). O crime ocorreu do lado de fora do Museu Judaico de Washington e o autor dos disparos foi preso. Líderes mundiais condenaram o ataque às vítimas e o assassinato fez com que as missões israelenses reforçassem a segurança e a baixassem suas bandeiras a meio mastro.
Confira o que se sabe sobre o tiroteio até o momento:
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O que aconteceu?
Os funcionários, um homem e uma mulher, participavam de um evento organizado pelo Comitê Judaico Americano no Museu Judaico de Washington, que tinha o objetivo de ajudar a população da Faixa de Gaza. Eles deixaram o local por volta das 21h05 (horário local), quando o "suspeito se aproximou e abriu fogo", disse a chefe de polícia metropolitana, Pamela Smith, em uma entrevista coletiva.
O suspeito foi visto andando do lado de fora do museu antes do tiroteio e entrou no local logo depois do crime, quando foi detido pela segurança, segundo as informações policiais. A motivação dos disparos ainda está sendo apurada.
Após a prisão do atirador, o ataque foi divulgado mundialmente pela secretária norte-americana de Segurança Interna, Kristi Noem. O Ministério Público dos EUA em Washington, liderado pela ex-juíza Jeanine Pirro, investigará o caso.
As vítimas
Os funcionários assassinados foram identificados como Yaron Lischinsky e Sarah Milgrim pelo ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar. Lischinsky era israelense e assistente de pesquisa, enquanto Milgrim era norte-americana e organizava visitas e missões a Israel. Ambos trabalhavam na embaixada de Israel em Washington, capital dos EUA.
Yechiel Leiter, embaixador de Israel nos Estados Unidos, disse que as vítimas eram um casal que estava prestes a ficar noivo. Segundo ele, o homem havia comprado um anel nesta semana “com intenção de propor nos próximos dias, em Jerusalém”.
O suspeito
O autor do crime foi identificado como Elias Rodriguez, morador de Chicago. Ele tentou fugir, mas foi capturado por um segurança do evento anual dos Jovens Diplomatas do Comitê Judaico Americano. Ao ser detido, o homem confessou os assassinatos e informou o lugar onde havia descartado a arma. Enquanto algemado, gritou várias vezes “Palestina livre”, segundo a polícia. O criminoso permanece sob custódia.
Reforço da segurança israelense ao redor do mundo
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, determinou, na manhã desta quinta-feira (22), o reforço da segurança em missões israelenses ao redor do mundo, devido ao tiroteio. “Estamos testemunhando o preço terrível do antissemitismo e da incitação selvagem contra Israel”, comentou ele sobre o ocorrido.
“Meu coração lamenta pelas famílias dos jovens amados, cujas vidas foram interrompidas em um momento por um assassino antissemita abominável. Somos testemunhas do terrível custo do antissemitismo e da incitação selvagem contra o Estado de Israel. Isso deve ser combatidos ao máximo”, lamentou o premiê israelense.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou, na redes sociais, que estava devastado pelos assassinatos em Washington. "Este é um ato desprezível de ódio, de antissemitismo, que custou a vida de dois jovens funcionários da embaixada israelense. Os Estados Unidos e Israel permanecerão unidos em defesa de nosso povo e de nossos valores compartilhados. O terror e o ódio não nos quebrarão”, escreveu.
O que dizem os líderes mundiais?
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se posicionou sobre o tiroteio e prestou condolências aos familiares em uma publicação no Truth Social. "Esses horríveis assassinatos em Washington, DC, obviamente baseados em antissemitismo, precisam acabar, AGORA! Ódio e radicalismo não têm lugar nos EUA", informou o líder norte-americano.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou uma nota repudiando o ocorrido. "Ao transmitir as condolências aos familiares das vítimas e ao povo israelense, o governo reitera sua firme condenação ao antissemitismo, ao extremismo e a crimes de ódio como o ocorrido na capital norte-americana", diz o governo brasileiro.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que “o antissemitismo é um mal que devemos erradicar onde quer que apareça. Meus pensamentos estão com seus colegas, familiares e entes queridos e, como sempre, me solidarizo com a comunidade judaica". Ele ainda ofereceu total apoio à embaixada israelense em Londres.
O presidente da França, Emmanuel Macron, afirma que entrou em contato com seu homólogo israelense após os assassinatos, que o líder francês chamou de "um ataque antissemita". O governo do país também instruiu, nesta quinta-feira (22), a polícia e autoridades militares a implementarem segurança "visível e dissuasiva" ao redor de locais judaicos.
O chanceler alemão Friedrich Merz escreveu, em uma publicação nas redes sociais, que ficou “chocado” com a notícia. "Neste momento, devemos presumir que houve motivação antissemita. Condeno este ato hediondo da forma mais veemente possível", complementou.
O ministro das Relações Exteriores italiano, Antonio Tajani, condenou veementemente o ataque e expressou solidariedade ao governo israelense e às vítimas. “A violência antissemita, fruto do ódio contra os judeus, não é aceitável e deve ser interrompida”, disse Tajani em um comunicado.
A principal diplomata da União Europeia, Kaja Kallas, disse: "não há e não deve haver lugar em nossas sociedades para ódio, extremismo ou antissemitismo. Expresso minhas condolências às famílias das vítimas e ao povo de Israel".
O Ministério das Relações Exteriores da República Tcheca também condenou o ataque e prestou condolências aos entes queridos dos funcionários da embaixada mortos no tiroteio.
O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul afirma: “O governo da República da Coreia expressa profunda preocupação com a ocorrência de um ato criminoso bárbaro, que não pode ser justificado em nenhuma circunstância”.
A ministra das Relações Exteriores da Suécia, Maria Stenergard, publicou no X, antigo Twitter, que “Este ato de violência é mais um exemplo horrível de por que o ódio e o antissemitismo nunca devem ser normalizados”.
Até o momento, nenhuma autoridade da Palestina ou do grupo Hamas se pronunciou sobre o ataque.
As testemunhas
De acordo com a agência de notícias AP News, as testemunhas Yoni Kalin e Katie Kalisher estavam dentro do museu quando ouviram tiros e viram um homem entrar no local com uma expressão aflita. Kalin disse que as pessoas vieram em seu socorro e lhe trouxeram água, pensando que ele precisava de ajuda, sem perceber que ele era o suspeito.
"Como podemos realmente ajudar tanto o povo de Gaza quanto o povo de Israel? Como podemos unir muçulmanos, judeus e cristãos para trabalharem juntos e realmente ajudarem pessoas inocentes? E então ele está assassinando duas pessoas a sangue frio", afirmou a testemunha.
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Guerra em Gaza
O tiroteio contra os funcionários da embaixada ocorreu em meio à intensificação da ofensiva israelense contra o Hamas, na Faixa de Gaza. Desde outubro de 2023, o enclave palestino vem sofrendo com ataques aéreos e terrestres, que resultaram na morte de mais de 50 mil pessoas e no deslocamento de 90% da população.
Israel também continua restringindo a entrada de ajuda humanitária em Gaza, após dois meses de bloqueio. Além disso, abastecimento de remédios e alimentos foram limitados a uma quantidade básica. O objetivo, segundo os militares, é pressionar ainda mais o Hamas a libertar os 59 reféns restantes – capturados no ataque de 7 de outubro de 2023. A ação é duramente criticada pela comunidade internacional, que acusa o país de agravar a fome no enclave palestino.