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Netanyahu anuncia novo plano de ajuda a Gaza em meio a crise humanitária

Primeiro-ministro de Israel diz que população será transferida para uma “zona estéril”; ONU enfrenta dificuldades para distribuir suprimentos

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Netanyahu anuncia novo plano de ajuda a Gaza em meio a bloqueios e crise humanitária | Foto: reprodução/AP
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta quarta-feira (21) que o país está organizando um novo plano para a entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A região vive uma das piores crises desde o início da guerra, com escassez extrema de alimentos, medicamentos e combustíveis.

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que está tentando distribuir os suprimentos que entraram no território nos últimos dias, mas enfrenta dificuldades devido a saques e restrições impostas pelo Exército israelense. Também nesta quarta, Israel declarou que 100 caminhões com ajuda humanitária entraram em Gaza, após quase três meses de bloqueio total.

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Criação de “zona estéril” e centros de distribuição

Netanyahu disse que Israel está a poucos dias de colocar em prática um novo sistema de entrega de ajuda, alvo de críticas internacionais. Segundo ele, o plano prevê a criação de uma "zona estéril" no sul da Faixa de Gaza — supostamente livre do grupo Hamas — onde a população civil será transferida “por razões de segurança” e receberá os suprimentos.

"Nesse local, os civis entram — e não necessariamente voltam", afirmou o premiê, sinalizando que os deslocamentos podem ser definitivos.

O novo sistema contará, inicialmente, com quatro centros de distribuição de ajuda, sendo um na região central de Gaza e três no extremo sul, onde restam poucos moradores. Os centros serão geridos por uma fundação privada norte-americana, a Gaza Humanitarian Foundation (GHF), com segurança feita por contratados armados.

Um porta-voz da GHF, em entrevista à Associated Press, afirmou sob anonimato que a organização "jamais apoiaria ou participaria de qualquer forma de deslocamento forçado". Segundo ele, não há um número limitado de centros e outros serão abertos, inclusive no norte de Gaza, nas próximas semanas.

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Ajuda humanitária retida e insegurança nas rotas

Apesar da entrada recente de caminhões em Gaza, grande parte da ajuda permanece retida na área da travessia de Kerem Shalom, na fronteira com Israel. Stephane Dujarric, porta-voz da ONU, afirmou que os caminhões da organização não puderam sair do local porque a estrada autorizada pelo Exército israelense era considerada perigosa.

Segundo autoridades da ONU e de grupos humanitários, o Exército teria designado uma rota conhecida por ações de saqueadores, e restringido o tempo de circulação dos caminhões, além de rejeitar alguns motoristas previamente autorizados.

Fome generalizada ameaça 100% da população

A crise humanitária em Gaza se agrava a cada dia. Um relatório recente da Integrated Food Security Phase Classification (IPC) — entidade internacional que mede os níveis de fome no mundo — projetou que 100% da população de Gaza (cerca de 2,1 milhões de pessoas) pode enfrentar insegurança alimentar severa entre maio e setembro de 2025.

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Entre esses, 22% da população (aproximadamente 469 mil pessoas) correm risco de passar por fome em nível catastrófico. Atualmente, 93% dos habitantes do território já enfrentam sérias dificuldades de acesso à alimentação.

Organizações humanitárias relatam que seus estoques se esgotaram há semanas. A maioria da população depende de cozinhas comunitárias, cujos suprimentos também estão próximos do fim. Uma ONG chegou a distribuir sopa rala de lentilhas como única opção alimentar.

“Não queremos cozinhas de caridade. Nem cachorros comeriam isso, quanto mais crianças”, lamentou Somaia Abu Amsha, moradora da região, que relatou não ter acesso a pão há mais de 10 dias.

*Com informações Associated Press

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