Trump diz que não vai "demitir pessoas" por vazamento de plano de ataque
Presidente dos Estados Unidos reiterou apoio à equipe de segurança nacional após escândalo de inclusão de jornalista em grupo com informações sigilosas

SBT News
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou no sábado (29) que não demitirá ninguém de sua equipe por causa do vazamento de planos de sua gestão para um ataque aéreo contra os Houthis no Iêmen. As informações sigilosas, que poderiam colocar em risco militares americanos, foram enviadas num grupo de mensagens de aplicativo que, por engano, incluiu um jornalista.
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"Eu não demito pessoas por causa de fake news e caças às bruxas”, disse Trump em entrevista à NBC News.
Ele também afirmou ter confiança em Mike Waltz, seu conselheiro de segurança nacional, e Pete Hegseth, seu chefe do Pentágono. Waltz adicionou acidentalmente Jeffrey Goldberg, editor da revista The Atlantic, a um grupo no aplicativo Signal onde altos funcionários estavam discutindo planos para atacar os Houthis.
Durante a conversa, Hegseth compartilhou detalhes de como o ataque ocorreria, antes de ele acontecer. Depois, a Atlantic publicou um artigo sobre essa troca interna de mensagens, causando choque no meio da segurança nacional.
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Trump quer evitar repetir a rotatividade que marcou seu primeiro mandato. Mike Flynn, seu primeiro conselheiro de segurança nacional, foi forçado a deixar o cargo após poucas semanas, durante a fase inicial da investigação sobre a Rússia.
Quando perguntado se houve conversas sobre demitir Waltz, Trump foi enfático: “Nunca ouvi falar disso. E ninguém além de mim toma essa decisão, e eu nunca ouvi isso.”
Vazamento de dados sigilosos
A revista norte-americana The Atlantic revelou a existência de um grupo de mensagens no aplicativo Signal, onde altos funcionários do governo Trump discutiram detalhes operacionais de um ataque ao Iêmen. A troca de informações, que incluía horários exatos de decolagem de caças e alvos a serem atingidos, foi acidentalmente compartilhada com o editor-chefe da publicação, Jeffrey Goldberg, que foi adicionado ao chat por engano pelo assessor de Segurança Nacional, Michael Waltz.
A revelação gerou grande repercussão e levou a questionamentos sobre o uso de canais não seguros para tratar de operações militares sensíveis.
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Em uma audiência no Senado, a diretora de Inteligência Nacional Tulsi Gabbard e o diretor da CIA, John Ratcliffe, minimizaram a gravidade da situação. Ambos alegaram que nenhuma informação classificada foi compartilhada no grupo. O presidente Donald Trump também reforçou essa posição, afirmando que "não era informação sigilosa".
Diante das declarações oficiais que negavam a gravidade das mensagens, a Atlantic optou por publicar nesta quarta-feira (26) as conversas na íntegra, mantendo apenas a identidade de um chefe de gabinete da CIA em sigilo.
A decisão, segundo a publicação, foi tomada após a Casa Branca e outras agências do governo se recusarem a explicar quais trechos das mensagens poderiam comprometer a segurança nacional.
As mensagens trocadas no grupo, batizado de Houthi PC small group, incluíam informações detalhadas sobre a missão, incluindo o momento exato da decolagem dos caças F-18 e o lançamento de mísseis Tomahawk.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, enviou um texto às 11h44 do dia 15 de março de 2025, confirmando que as condições climáticas eram favoráveis e que o Comando Central dos EUA (CENTCOM) havia autorizado o ataque. O cronograma detalhado enviado por Hegseth indicava que o primeiro bombardeio aconteceria às 14h15, horário de Washington.

Na sequência, o vice-presidente JD Vance responde: "Farei uma oração pela vitória". Em seguida, Michael Waltz confirma a morte de um alvo. Segundo Waltz, ele estaria entrando no prédio da namorada, que foi destruído no bombardeio.
A informação é celebrada pelos participantes do grupo, que parabenizam Pete Hegseth.

Segundo especialistas ouvidos pela The Atlantic, se essas mensagens tivessem sido interceptadas por grupos hostis, os ataques poderiam ter sido comprometidos, colocando em risco a vida de militares americanos. Desde a revelação da falha, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Michael Waltz, assumiu a responsabilidade pelo incidente.
“Assumo total responsabilidade. Eu construí o grupo. Meu trabalho é garantir que tudo esteja coordenado. É embaraçoso, sim. Vamos chegar ao fundo disso. Temos as melhores mentes técnicas analisando como isso aconteceu”, disse Waltz à Fox News.
*As informações são da Associated Press