Signal: conheça o aplicativo de mensagens que expôs falha de segurança dos EUA
Jornalista norte-americano foi adicionado por engano a grupo onde autoridades discutiam ataques militares antes de ofensiva no Iêmen

SBT News
O Signal, aplicativo de mensagens criptografadas conhecido por sua privacidade, foi palco de uma falha vergonhosa de segurança nos Estados Unidos. O jornalista Jeffrey Goldberg, editor-chefe da revista The Atlantic, revelou ter sido adicionado a um grupo de bate-papo usado por autoridades de segurança nacional para coordenar ataques aéreos.
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O Signal utiliza criptografia de ponta a ponta, garantindo que apenas remetente e destinatário possam acessar o conteúdo das conversas. No entanto, o episódio levanta dúvidas sobre seu uso oficial.
A conversa no aplicativo ocorreu horas antes dos ataques contra rebeldes houthis no Iêmen, ordenados pelo então presidente Donald Trump. O Conselho de Segurança Nacional dos EUA confirmou a autenticidade da troca de mensagens e investiga como o número do jornalista foi incluído no grupo.
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Além das preocupações com segurança, o uso de aplicativos como o Signal por autoridades pode dificultar a transparência governamental, já que as mensagens podem ser programadas para desaparecer sem registro. Segundo Goldberg, algumas conversas no grupo sumiram após uma semana.
O que é o Signal?
O Signal é um aplicativo de mensagens que se mostra com alto nível de privacidade e segurança. Ele utiliza criptografia de ponta a ponta para proteger mensagens, chamadas de voz e vídeo, impedindo que terceiros acessem o conteúdo das conversas.
Diferente de outros aplicativos, como o Telegram, a criptografia do Signal é ativada por padrão e também funciona em bate-papos em grupo. O aplicativo foi criado pelo empreendedor Moxie Marlinspike a partir da fusão de dois projetos de código aberto voltados para comunicação segura.
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Em 2018, a Signal Foundation foi fundada para manter e expandir a plataforma, com apoio financeiro de Brian Acton, cofundador do WhatsApp, que investiu US$ 50 milhões na iniciativa.
Outra diferença do Signal em relação a outros aplicativos é seu modelo sem fins lucrativos. Ele não exibe anúncios nem coleta dados dos usuários, sendo financiado por doações. Além disso, suas mensagens podem ser programadas para desaparecer automaticamente após um período determinado, reforçando a privacidade das comunicações.
App foi usado por militares brasileiros em plano golpista
O Signal também foi usado por quatro militares do Exército brasileiro para planejar o chamado Plano Punhal Verde e Amarelo, que previa a execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, segundo a Polícia Federal.
De acordo com a investigação, os militares usavam nomes de países como Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana em um grupo chamado "Copa 2022" no Signal, onde discutiam detalhes do golpe de Estado e da execução das autoridades. As mensagens foram trocadas semanas após as eleições de 2022. Os envolvidos foram presos em novembro do ano passado.
*Com informações da Associated Press