Terry Rozier, jogador da NBA, é preso em esquema ilegal de apostas esportivas nos EUA
Chauncey Billups, técnico do Portland Trail Blazers, e Damon Jones, ex-jogador de basquete, também foram presos por fraudes em jogos de azar

Gabriel Sponton
O jogador do Miami Heat Terry Rozier e o ex-jogador da NBA Damon Jones foram presos, nesta quinta-feira (23), acusados de participar de um esquema ilegal de apostas esportivas nos Estados Unidos. O técnico do Portland Trail Blazers, Chauncey Billups, também foi detido por envolvimento em uma investigação semelhante, envolvendo fraudes em jogos de azar — com participação da máfia italiana.
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A operação conduzida pela polícia de Nova York e pelo FBI investigava dois esquemas ilegais de apostas distintos, sendo um relacionado a apostas esportivas e outro em jogos "armados" de poker, que movimentaram dezenas de milhões de dólares ao longo dos anos.
Segundo o diretor do FBI, Kash Patel, mais de 30 pessoas foram presas em 11 estados norte-americanos e as acusações variam de fraude envolvendo comunicações digitais (telefone, e-mail, redes sociais), fraude bancária, lavagem de dinheiro, extorsão, roubo e apostas ilegais.
Terry Rozier e Chauncey Billups irão se apresentar ainda na tarde desta quinta-feira (23) à Justiça Federal dos Estados Unidos nos distritos onde foram presos, Orlando (Flórida) e Portland (Oregon), respectivamente.
Apostas esportivas
Terry Rozier, armador do Miami Heat, e Damon Jones, jogador aposentado da NBA, são suspeitos de fazer parte de um esquema de vazamento de informações internas e confidenciais da liga de basquete norte-americana para apostadores.
Segundo o procurador de Nova York, Joseph Nocella Jr., as apostas aconteceram entre dezembro de 2022 e março de 2024, em "bets" on-line e também fisicamente em cassinos. Terry Rozier e Damon Jones divulgavam informações "não públicas" sobre a participação ou não de atletas nas partidas, ou quando eles deixariam os jogos por lesões e doenças.
Esses dados eram distribuídos aos chamados "organizadores de apostas" que, então, acionavam uma rede de apostadores de "fachada" para apostar em linhas de performance de jogadores, maximizando os lucros dos criminosos. Após as aposdas apostas bem-sucedidas, o lucro passava por diferentes formas de lavagem de dinheiro e era partilhado entre os envolvidos.
O procurador também exemplificou alguns dos jogos que tiveram informações manipuladas para apostas, assim como os envolvidos:

A comissária de polícia Jessica Tisch detalhou que as apostas se concentravam nos mercados de "under" (abaixo) de performances de jogadores, como "under" pontos, rebotes e assistências. "Em algumas instâncias, os jogadores alteraram suas performances ou saíram de partidas para garantir que as apostas fossem bem-sucedidas".
"Um exemplo aconteceu em 23 de março de 2023, em Charlotte. Terry Rozier, jogador da NBA, atualmente no Miami Heat, mas na época jogando pelo Hornets, supostamente deixou que pessoas próximas soubessem que ele planejava deixar a partida mais cedo devido a uma suposta lesão. Usando essa informação, membros do grupo apostaram mais de US$ 200 mil em apostas nas suas estatísticas 'under'", explica Tirsch. "Rozier saiu do jogo depois de apenas nove minutos e aquelas apostas foram bem-sucedidas, gerando milhares de dólares em lucro".
Na ação, seis pessoas foram indiciadas: o atleta e o ex-atleta Terry Rozier e Damon Jones; os "organizadores de apostas" Deniro Laster, Marves Fairley, Eric Earnest e Shane Hennen. O procurador afirma ainda que outros conspiradores também participaram do esquema, entre eles o ex-jogador do Toronto Raptors Jontay Porter, expulso da NBA em 2024.

"Armação" em jogos de azar
Chauncey Billups, técnico do Portland Trail Blazers e ex-jogador da NBA, também foi preso nesta quinta-feira, porém em outra ação, que investiga jogos armados de poker. Apesar de operações distintas, alguns nomes indiciados estão presentes em ambas as investigações, como o do ex-jogador Damon Jones.
"Os acusados nesse caso orquestraram um esquema para utilizar tecnologias sem fio de trapaça para realizar jogos armados de poker pelos Estados Unidos, incluindo os Hamptons, Las Vegas, Miami e Manhattan", explica o procurador de Nova York.
As vítimas desses jogos, também conhecidas como "peixes", eram atraídas pela "possibilidade de jogar com ex-atletas profissionais" — entre eles Chauncey Billups, que na época ainda não era técnico do Portland Trail Blazers, e Damon Jones.
"O que as vítimas, os peixes, não sabiam, era que todos os outros na partida de poker, do dealer aos jogadores, incluindo os ex-atletas, estavam no esquema", conta Joseph Nocella Jr.
Segundo o procurador, os criminosos utilizavam uma variedade de "tecnologias sofisticadas" para roubar nas partidas, entre elas máquinas de embaralhar cartas adulteradas, fichas de poker com câmeras escondidas, lentes de contato ou óculos especiais e uma mesa com raio-x, que permitia que as cartas fossem identificadas mesmo viradas.


O procurador explica que o esquema envolvia seis grupos: fornecedores de equipamentos adulterados, lavadores de dinheiro, organizadores de partidas de pokers, times para participar dos jogos, ex-atletas e o crime organizado, nesse caso, a máfia italiana nos Estados Unidos, Cosa Nostra, com as famílias Bonanno, Gambino, Lucchese e Genovese.

Ainda segundo o procurador, os lucros obtidos nas partidas armadas eram lavados por meio de empresas de fachada, transações bancárias e criptomoedas.
"Como parte do esquema, alguns dos acusados e seus co-conspiradores também cometeram atos de violência, incluindo um roubo armado contra uma pessoa para obter uma máquina de embaralhar cartas adulterada", explica Joseph Nocella Jr., citando também casos de extorsão contra as vítimas para que elas pagassem suas "dívidas de poker".