Questionado sobre tarifas após condenação de Bolsonaro, Trump desconversa e diz que é “surpreendente o que aconteceu”
STF forma maioria para condenar ex-presidente e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado e mais quatro crimes
SBT News
Murillo Otavio
Horas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) formar maioria pela condenação de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado e mais quatro crimes, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi questionado se aplicaria novas tarifas ao Brasil.
Em resposta ao jornalista David Alandete, do Diário ABC, da Espanha, Trump disse:
“Eu assisti ao julgamento. O (Bolsonaro) conheço muito bem, um líder estrangeiro, foi um bom presidente do Brasil e é surpreendente que isso tenha acontecido. É como tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de forma alguma. Posso apenas dizer isso: o conheci como presidente do Brasil e ele é um bom homem. E eu não vi isso acontecendo”, declarou.
As tarifas já aplicadas pelo governo norte-americano foram justificadas, entre outros motivos, por uma suposta “caça às bruxas” da Justiça brasileira contra Bolsonaro.
Nesse contexto, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está nos Estados Unidos buscando apoio internacional para pressionar o processo no STF. Em meio a essa ofensiva, o ministro Alexandre de Moraes foi alvo da Lei Magnitsky.
Logo após decisão do STF desta quinta, Eduardo e seu irmão, Flávio, disseram que esperam que o os Estados Unidos ampliem as tarifas norte-americanas
Logo após a fala do presidente norte-americano, o secretário de Estado, Marco Rubio, adotou um tom mais duro em relação à decisão do STF.
Nas redes sociais, ele chamou Alexandre de Moraes de “violador de direitos humanos” e afirmou que a Corte brasileira decidiu de forma injusta pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas”, declarou.
Condenação no STF
O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, votou nesta quinta-feira (11) pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por todas as acusações no processo sobre a tentativa de golpe.
“Toda essa série de eventos [da trama] denota que não houve mera expressão de opiniões controversas, mas um concerto de ações voltadas para a permanência no poder. Primeiro, pela tentativa frustrada de coibir a atuação do Judiciário e de interferir nas eleições. Depois, por meio de atos de força que buscavam deflagrar uma resposta institucional armada, com apoio das Forças Armadas, para manter o grupo no poder”, afirmou Zanin.
O voto de Zanin consolidou a maioria do colegiado, já formada após a manifestação da ministra Cármen Lúcia. A partir de agora, os ministros discutem a dosimetria da pena, ou seja, o tempo de prisão de cada réu. As punições só serão executadas após o trânsito em julgado, quando não houver mais possibilidade de recurso.
Foram considerados culpados: Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Souza Braga Netto.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) os acusou de cinco crimes:
- organização criminosa armada (3 a 8 anos de prisão);
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos);
- tentativa de golpe de Estado (4 a 12 anos);
- dano qualificado pela violência e grave ameaça (6 meses a 3 anos);
- deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos).
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