Putin está disposto a encontrar Zelensky, mas legitimidade do ucraniano é uma questão, diz chanceler russo
Russos disseram que a Ucrânia teria que realizar eleições em 2024, mas não o fez, e algum político poderia contestas acordos assinados pelo atual presidente

Reuters
O presidente russo, Vladimir Putin, está preparado para se encontrar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mas todas as questões precisam ser resolvidas primeiro e há uma dúvida sobre a autoridade de Zelensky para assinar um acordo de paz, disse o ministro das Relações Exteriores de Putin nesta quinta-feira (21).
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Putin e o presidente dos EUA, Donald Trump, se reuniram na semana passada no Alasca para a primeira cúpula Rússia-EUA em mais de quatro anos e os dois líderes discutiram como acabar com a guerra mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Após as conversas da cúpula no Alasca, Trump disse na segunda-feira que havia começado a organizar uma reunião entre os líderes russo e ucraniano, a ser seguida por uma cúpula trilateral com o presidente dos EUA.
Perguntado pelos repórteres se Putin estava disposto a se encontrar com Zelensky, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse: "Nosso presidente tem dito repetidamente que está pronto para se reunir, inclusive com o sr. Zelensky".
Lavrov, no entanto, acrescentou uma ressalva: "Com o entendimento de que todas as questões que exigem consideração no mais alto nível serão bem trabalhadas, e especialistas e ministros prepararão recomendações apropriadas".
"E, é claro, com o entendimento de que quando e se -- esperamos, quando -- for necessário assinar acordos futuros, a questão da legitimidade da pessoa que assina esses acordos do lado ucraniano será resolvida", disse Lavrov.
Putin tem levantado repetidamente dúvidas sobre a legitimidade de Zelensky, já que seu mandato expiraria em maio de 2024, mas a guerra significa que nenhuma nova eleição presidencial foi realizada ainda. Kiev afirma que Zelensky continua sendo o presidente legítimo.
As autoridades russas dizem se preocupar que, se Zelensky assinar o acordo, um futuro líder da Ucrânia poderá contestá-lo com base no fato de que o mandato de Zelensky havia tecnicamente expirado.
Zelensky disse esta semana que Kiev gostaria de uma "forte reação" de Washington se Putin não estivesse disposto a se sentar para uma reunião bilateral com ele.
Guerra ou paz?
Os líderes europeus dizem que estão céticos quanto a Putin estar realmente interessado na paz, mas buscam uma maneira confiável de garantir a segurança da Ucrânia como parte de um possível acordo de paz com envolvimento mínimo dos EUA.
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Lavrov disse estar claro que nem a Ucrânia nem os líderes europeus querem a paz. Ele acusou a chamada "coalizão dos dispostos" -- que inclui importantes potências europeias, como Reino Unido, França, Alemanha e Itália -- de tentar minar o progresso feito no Alasca.
"Eles não estão interessados em um acordo sustentável, justo e de longo prazo", afirmou Lavrov sobre a Ucrânia. Ele disse que os europeus estão interessados em conseguir a derrota estratégica da Rússia.
"Os países europeus seguiram o sr. Zelensky até Washington e tentaram avançar sua agenda lá, que visa assegurar que as garantias de segurança sejam baseadas na lógica de isolar a Rússia", declarou Lavrov, referindo-se à reunião de segunda-feira entre Trump, Zelensky e os líderes das principais potências europeias na Casa Branca.