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Primeiro-ministro da França é alvo de moções de censura e pode cair nesta quarta

Michel Barnier aborreceu parlamentes ao aprovar orçamento de 2025 sem aval da Assembleia Nacional; votação marca mais um capítulo da crise política no país

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Primeiro-ministro da França, Michel Barnier | Reprodução/X

Há menos de 100 dias no cargo, o primeiro-ministro da França, Michel Barnier, pode se tornar o chefe de governo com mandato mais curto desde a Segunda Guerra Mundial. Ele enfrenta uma moção de censura no polarizado Parlamento francês, impulsionada pela insatisfação generalizada dos deputados com seu plano de austeridade para equilibrar as finanças do país.

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A moção foi apresentada depois que Barnier tentou aprovar parte do orçamento de governo para 2025, que inclui 60 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes de gastos.

Barnier, que foi eleito em setembro como líder de um governo minoritário apoiado por centristas e conservadores do partido de extrema-direita de Marine Le Pen, tentou aprovar o orçamento usando uma cláusula constitucional que lhe permite ignorar uma votação na legislatura. O mesmo dispositivo foi utilizado pelo presidente Emmanuel Macron em 2023 para implementar a controversa reforma previdenciária.

No entanto, essa manobra, por sua vez, dá aos legisladores a oportunidade de apresentar moções de censura contra ele — e os deputados de esquerda, que prometeram derrubar o governo de Barnier após Macron recusar o nome indicado por eles para o cargo, fizeram exatamente isso. Eles alegam, assim como a extrema-direita, que o prêmie ignorou suas demandas de ajustes no pacote.

A moção deve ser votada nesta quarta-feira (4), com grande probabilidade de aprovação para a derrubada do governo.

Crise política

A turbulência política que vive a França foi causada pelo próprio Macron, que dissolveu a Assembleia e antecipou a eleição parlamentar no país, após a derrota de seu partido para a extrema-direita nas eleições que elegeram os novos eurodeputados do Parlamento Europeu, em junho. O centrista apostava que conseguiria a maioria dos assentos da câmara baixa francesa, mas a disputa começou com a extrema-direita liderando e terminou com um parlamento dividido em três grandes blocos: a coalizão de esquerda Nova Frente Popular, os centristas aliados de Macron e o partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional.

Essa divisão dificulta a formação de consensos. Marine Le Pen, líder da extrema-direita, declarou apoio à moção, enquanto a esquerda critica o “orçamento de austeridade” e a falta de diálogo do governo.

A aprovação da moção requer 288 votos dos 574 parlamentares. Apesar de a oposição somar mais de 330 cadeiras, alguns deputados podem optar pela abstenção.

O que acontece depois?

Se Barnier for destituído, Macron precisará nomear um novo primeiro-ministro, mas o Parlamento permanecerá dividido, já que novas eleições legislativas só podem ocorrer a partir de julho de 2025. Enquanto isso, o governo pode usar decretos para manter serviços essenciais e arrecadação tributária, embora congelando aumentos de impostos e novos gastos previstos, como o reforço no orçamento militar de 3,3 bilhões de euros.

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