Em aceno à direita, Macron nomeia Michel Barnier como primeiro-ministro da França
País passou 50 dias com governo interino; entenda; decisão desagradou partidos de esquerda, que venceram as eleições legislativas
Iris Tavares
O presidente francês Emmanuel Macron nomeou Michel Barnier como novo primeiro-ministro e já o encarregou de estabelecer uma Assembleia de Governo "ao serviço do país e dos franceses".
A nomeação foi feita nesta quinta-feira (5), depois do país passar 50 dias com um governo interino — de forma provisória até a decisão oficial do presidente.
O líder da extrema-esquerda Jean-Luc Mélenchon se opôs à nomeação de Barnier. Segundo o político, a nomeação desconsidera os resultados das eleições legislativas, vendidas pelo bloco progressista.
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Já a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, disse estar disposta a dar uma chance a Barnier, mas afirmou que seu partido, o Rassemblement National, não participará do governo dele.
Entenda
No final de agosto, Macron chegou a recusar, alegando "estabilidade institucional", a nomeação da candidata da coligação de esquerda, Lucie Castets, para o cargo de primeira-ministra do país.
Em junho, os franceses votaram para decidir a nova configuração do parlamento em uma eleição vista como a mais importante da França e da União Europeia.
As eleições foram antecipadas por Macron. Apesar de um desempenho forte da extrema-direita no primeiro turno, quem teve a maioria dos votos foi a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP).
Com o resultado, o então primeiro-ministro, Gabriel Attal, renunciou o cargo. A princípio, o presidente não aceitou o pedido, sob o argumento de que mantê-lo era importante "para garantir a estabilidade do país". Mas dias depois, Attal deixou o governo. Ele foi o primeiro-ministro mais jovem da França, aos 34 anos, e o primeiro chefe de governo abertamente gay.
Quem é Michel Barnier
Aos 73 anos, Michel Barnier tem mais de 50 anos de carreira política. Ele foi negociador-chefe com a União Europeia (UE) durante a "Brexit" em 2020, quando o Reino Unido decidiu deixar o bloco de países.
Barnier também foi ministro dos Negócios Estrangeiros da França, de Assuntos Europeus, do Meio Ambiente e Agricultura, além de ter ocupado o cargo de comissário europeu por duas vezes.
