Organização acusa Israel de 'utilizar fome como arma de guerra' em Gaza
Enclave palestino está proibido de receber ajuda humanitária desde março, o que vem agravando a crise humanitária

Camila Stucaluc
A Organização Médicos do Mundo (MdM) acusou Israel de “utilizar a fome como arma de guerra” na Faixa de Gaza. A declaração está presente em um relatório publicado nesta terça-feira (13), no qual a entidade aponta que a desnutrição aguda no enclave palestino atingiu níveis comparáveis aos de países que enfrentam crises humanitárias prolongadas por décadas.
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A principal causa do cenário é o cerco imposto por Israel em Gaza, que, segundo o exército, visa pressionar o Hamas a libertar os reféns capturados no ataque de outubro de 2023. Desde março, o exército vem impedindo a entrada de ajuda humanitária, o que está levando o enclave palestino à beira de uma catástrofe humanitária devido ao esgotando de comida e combustível.
"Não estamos a testemunhar apenas uma crise humanitária, mas também uma crise de humanidade e um fracasso moral, com a fome a ser utilizada como arma de guerra. A inação dos Estados terceiros, que têm os meios para pressionar as autoridades israelitas a levantar este cerco assassino, é inaceitável e pode ser interpretada como cumplicidade ao abrigo do direito internacional”, disse a MdM.
Atualmente, a desnutrição aguda entre crianças e mulheres grávidas e lactantes reportada nas províncias de Deir Al Balah e Khan Younis, em Gaza, atingiu níveis semelhantes aos do Iémen (11,5%), que sofre com uma guerra civil há mais de 10 anos. Segundo definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma taxa de desnutrição de 10% é considerada elevada e de 15%, crítica.
Negociações de cessar-fogo
Israel rompeu o acordo de cessar-fogo com o Hamas em março deste ano. Desde então, as negociações encontram-se num impasse, uma vez que, enquanto o Hamas exige um cessar-fogo permanente e a retirada total de Israel de Gaza, Israel pede a liberdade imediata de todos os reféns.
Nesta semana, o Hamas libertou o refém israelense-americano Edan Alexander, visando mostrar sua "boa vontade" em retomar as negociações de cessar-fogo com Israel. A ação foi aceita pelo governo israelense, que, no entanto, afirmou que a proposta de trégua será debatida “sob fogo”.
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“As negociações serão realizadas sob fogo, com base no compromisso de atingir todos os objetivos da guerra. Continuaremos a agir implacavelmente até que todos eles [reféns] retornem para casa, em Israel. As negociações continuarão sob pressão, durante os preparativos para a intensificação dos combates”, disse o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.