Opositora venezuelana María Corina Machado faz primeira aparição pública em 11 meses
Política viajou até Oslo, na Noruega, para receber o Prêmio Nobel da Paz


Reuters
A líder da oposição venezuelana María Corina Machado apareceu em Oslo na madrugada desta quinta-feira (11). Ela viajou à capital norueguesa para a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz, mas não chegou a tempo.
A engenheira de 58 anos, opositora do governo de Nicolás Maduro, havia deixado secretamente a Venezuela rumo a Oslo, desafiando uma proibição de viagem de uma década imposta pelas autoridades de seu país natal e após passar mais de um ano escondida.
Falando em Oslo, a laureada descreveu a alegria de conhecer seus apoiadores – que vivem no exílio – pela primeira vez em cerca de dois anos.
"Por mais de 16 meses não consigo abraçar ou tocar ninguém", disse Machado à BBC. "De repente, em poucas horas, consegui ver as pessoas que mais amo, tocá-las, chorar e rezar juntas."
Machado cumprimentou dezenas de pessoas da varanda do Grand Hotel de Oslo, onde tradicionalmente ficam os laureados do Nobel. Ela acenou e cantou o hino nacional junto com a multidão, que carregava bandeiras venezuelanas e a filmava com seus celulares.
Mais tarde, Machado desceu até a rua e escalou as barreiras da multidão para abraçar e apertar as mãos das pessoas que haviam se reunido no frio para ter a chance de vê-la.
"Depois de todos esses meses em que ela esteve escondida e sua vida esteve em perigo, acho que vê-la junto com toda a diáspora venezuelana é um prazer e uma garantia de que ela está segura, e também uma forma da causa venezuelana permanecer viva e uma forma de exercer mais pressão sobre o regime, " disse Diana Luna, uma mulher mexicano-alemã na multidão.
A filha de Machado, Ana Corina Sosa Machado, havia aceitado anteriormente o Prêmio Nobel em seu nome. No discurso, ela disse que as democracias devem estar preparadas para lutar pela liberdade para sobreviver e que o prêmio tinha um significado profundo, não apenas para seu país, mas para o mundo.
"Lembra ao mundo que a democracia é essencial para a paz. E mais do que tudo, o que nós, venezuelanos, podemos oferecer ao mundo é a lição forjada nessa longa e difícil jornada: que, para termos uma democracia, devemos estar dispostos a lutar pela liberdade”, disse.
Viagem de barco
Machado deixou a Venezuela de barco na terça-feira e viajou para a ilha caribenha de Curaçao, de onde partiu em um avião particular para a Noruega, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.
A fonte, que foi informada pelo grupo de Machado, disse que sua fuga da costa venezuelana foi conduzida por sua equipe de segurança. A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a viagem de Machado a Curaçao, que foi inicialmente noticiada pelo Wall Street Journal.
Falando em seu hotel na madrugada de quinta-feira, Machado disse que planeja retornar à Venezuela apesar dos riscos que enfrenta. "Claro que vou voltar", disse ela.









