Mesmo com apoio de Biden, Kamala Harris ainda não é candidata democrata; entenda processo
Delegados democratas que se comprometeram com Biden podem apoiar Kamala, mas não são obrigados a isso. Convenção Nacional do partido acontece em agosto
Após semanas de pressão, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou no domingo (21) que encerraria sua campanha de reeleição, apoiando a candidatura da vice-presidente Kamala Harris ao cargo.
Rapidamente, nomes de peso do Partido Democrata, como o ex-presidente Bill Clinton e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, assim como a senadora Elizabeth Warren, que fez sua própria campanha presidencial em 2020, também declararam apoio à nomeação de Harris. Contudo, seu nome não está certo para figurar nas cédulas, em novembro.
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Mesmo sendo a favorita, Harris precisa ser escolhida pelos delegados democratas, que têm até a Convenção Nacional do partido, de 19 a 22 de agosto, para oficializar o candidato à presidência.
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Entenda o processo
Primárias
As primárias do Partido Democrata, assim como a do Partido Republicano, aconteceram no início deste ano. Nelas, o partido faz uma disputa interna por estado para escolher quem será o seu candidato. O processo pode ser complexo, mas pode ser dividido em algumas etapas principais:
- Pré-campanha: Antes das primárias, candidatos potenciais anunciam suas candidaturas e começam a fazer campanha. Isso inclui discursos, debates e eventos de arrecadação de fundos;
- Caucuses e primárias: Os caucuses são reuniões locais em que os membros registrados do partido discutem e votam em seus candidatos preferidos, são menos comuns e mais complexos, exigindo que os eleitores participem de reuniões que podem durar várias horas. Já as primárias são eleições onde os eleitores registrados do partido votam em um candidato e, dependendo da quantidade de votos, ele recebe um número proporcional de delegados ou todos os do estado (winner-takes-all).
As primárias podem ser abertas (qualquer eleitor pode votar), fechadas (apenas eleitores registrados no partido podem votar) ou semi-abertas (eleitores independentes podem escolher em qual primária votar).
Neste ano, Biden quase não teve concorrentes e obteve a maioria esmagadora de delegados: cerca de 3.900 de 4.500. Esses delegados deveriam apoiá-lo na Convenção Nacional do partido, que acontece de 19 a 22 de agosto, em Chicago.
Convenção Nacional
Com a desistência de Biden, os delegados podem migrar o seu apoio para Kamala Harris ou para qualquer outro democrata que se apresente como candidato. Isso significa que, pela primeira vez desde 1968, pode acontecer a primeira convenção aberta do Partido Democrata.
Nessa situação, os delegados terão que decidir o nome do candidato à presidência. Estarão nas células todos aqueles que conseguirem a assinatura de ao menos 300 delegados. A eleição tem dois turnos. No primeiro turno, votam 3.934 delegados e vence o candidato que obtiver a maioria simples (1.968 delegados).
Caso ninguém alcance o número necessário, acontece o segundo turno de votação. Nessa votação, votam também 749 superdelegados, que são membros do partido e líderes eleitos que podem votar em qualquer candidato na convenção nacional. Eles votam quantas vezes forem necessárias até que haja uma nomeação.
Financiamento de campanha
O endosso do presidente Joe Biden não é a única razão de Kamala ser a favorita para ser a candidata do partido Democrata. Um ponto forte para Harris é a sua posição financeira sólida. Com US$ 96 milhões disponíveis para a campanha, ela tem uma vantagem significativa para continuar a corrida sem interrupções. Se outro candidato for escolhido, pode haver complicações financeiras, pois os fundos arrecadados por Biden precisariam ser reembolsados aos doadores, embora haja alternativas para transferir os recursos para o novo nome democrata.
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Outros candidatos
Além disso, os principais nomes cotados para disputar a nomeação do partido Democrata já demonstraram apoio à candidatura de Kamala Harris. É o caso do governador da Califórnia, Gavin Newsom.
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O governador Andy Beshear, do Kentucky, o governador de Illinois, JB Pritzker, cujos nomes foram mencionados como possíveis companheiros de chapa de Harris, também se manifestaram em favor da atual vice.
A governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, também cotada para o cargo, escreveu "vamos ganhar isso, Kamala" em seu Twitter nesta segunda-feira (22).