Com ou sem Kamala, Partido Democrata precisa de "diversidade ideológica" para encarar Trump, diz analista
Desistência de Joe Biden coloca democratas em período de indefinição; vice Kamala Harris é uma das favoritas para assumir disputa
A desistência do presidente Joe Biden de concorrer à reeleição coloca um novo desafio para o Partido Democrata: a escolha de concorrente para enfrentar Donald Trump. Para o analista político Uriã Fancelli, essa definição precisa levar em conta uma certa "diversidade ideológica", com ou sem a vice Kamala Harris, apoiada por Biden e boa parte da legenda, liderando a chapa. Assista ao comentário no programa Brasil Agora desta segunda-feira (22), no canal do SBT News no YouTube.
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"Estados Unidos são um país bastante machista, conservador, racista, apesar de já terem tido presidente negro [Barack Obama]. Fato é que Kamala Harris é mulher negra num país que só teve Obama como presidente negro e nunca teve mulher presidente. E ela é a primeira vice mulher. Estrategicamente, [democratas] deveriam pensar em não fazer uma chapa com duas mulheres", comentou o especialista em relações internacionais.
Segundo Fancelli, caso Kamala seja confirmada como candidata do Partido Democrata, é "provável que vice seja homem branco para ajudar a balancear essa chapa". "Um pouco mais de diversidade ideológica", apontou, em conversa com o apresentador Murilo Fagundes.
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O analista ponderou que o cenário é totalmente diferente no Partido Republicano. "Uma chapa [Donald Trump e J.D. Vance] em que eles não se complementam, eles são a mesma coisa. Radicais, ultradireitistas, utlraconservadores. A chapa Democrata deveria ter Kamala como mais progressista e um homem um pouco mais de centro e aspectos um pouco mais conservadores" para fazer frente aos republicanos, opinou.
Trump não terá facilidade em debates com Kamala, diz especialista
O analista político também comentou que Donald Trump não deverá ter vida tranquila em debates eleitorais com Kamala Harris, apesar de o Republicano ter declarado que será mais "fácil" derrotá-la do que Biden.
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"Se de fato tivesse oponente mais fácil de derrotar, não teria feito alguns comentários. Falou que Partido Republicano deveria ser reembolsado pela desistência de Biden, já que todo mundo sabia que ia desistir e o partido gastou recursos para fazer campanha contra Biden", explicou Fancelli.
"Kamala também tem muita experiência em debates, de retórica, de convencimento. Teve boa parte da vida como procuradora de Justiça. Não vai ser muito fácil nos debates, não. E acho que Trump entende isso", completou.