Lula defende volta da Venezuela ao Mercosul e prega integração no continente
Presidente da República está na Bolívia, em visita oficial duas semanas após o presidente boliviano, Luis Arce, sofrer tentativa de golpe de estado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta terça-feira (9), a volta da Venezuela para o Mercosul e “fez votos” para que as eleições no país aconteçam de forma transparente e que sejam reconhecidas por todos. A declaração foi feita na Bolívia durante visita oficial ao país que passou a integrar o bloco como membro pleno.
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Lula fez discurso em defesa da integração dos países sul-americanos e ao citar a entrada dos bolivianos, fez um apelo em prol do retorno venezuelano ao Mercosul.
“O bom funcionamento do Mercosul, que agora tem satisfação de receber a Bolívia como membro pleno, concorre para a prosperidade comum”. Esperamos também poder receber logo e muito rapidamente a Venezuela de volta. A normalização da vida política venezuelana significa estabilidade para toda a América do Sul. Fazemos votos de que as eleições transcorram de forma tranquila e que sejam reconhecidas por todos”, disse.
Integração e sobrevivência
Segundo Lula, a integração dos países da América do Sul é uma “necessidade de sobrevivência” ao mencionar acordos de cooperação assinados com a Bolívia, como um passo importante para melhorar a vida de brasileiros e bolivianos.
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“É preciso dar uma chance no século XXI para que o Brasil, a Bolívia e outros países da América do Sul deixem de ser tratados como países em desenvolvimento ou de terceiro mundo. Não temos todas as riquezas tecnológicas que outros países possuem, mas nós temos riquezas que a natureza nos deu de presidente e que o mundo hoje necessita”, disse Lula, ao se referir à exploração de minerais críticos e transição energética.
Lula ainda se referiu às grandes reservas de lítio bolivianos e às terras raras, nióbio, manganês e cobalto disponíveis no Brasil. Segundo o presidente, as reservas devem ser exploradas pelo bem dos países e evitar que a maior parte dos recursos oriundos desses metais fiquem com países estrangeiros.
“A Bolívia tem grandes reservas de lítio, enquanto o Brasil possui terras raras, nióbio, cobalto, entre outros. Há pouco tempo descobriu-se em solo brasileiro o terceiro maior depósito de manganês do planeta. Como bem descreveu Eduardo Galeano, pelas veias abertas da América Latina correram o ouro de Minas e a prata de Potosí, que enriqueceram outras partes do mundo. Juntos, podemos nos inserir de forma soberana nas cadeias de valor de recursos estratégicos e evitar que esse histórico de espoliação continue se repetindo no nosso continente”, disse Lula.
“Além do excelente relacionamento bilateral, Bolívia e Brasil partilham de visões de mundo convergentes, o que nos faz parceiros naturais em diversos temas. A prioridade conferida à redução das desigualdades e à promoção da segurança alimentar é um deles. Por isso, fiz questão de convidar a Bolívia a participar da Cúpula do G20 em novembro e a se somar à Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza que será lançada pela presidência brasileira”, acrescentou.