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“Legado de abertura e simplicidade marca pontificado do Papa Francisco”, diz especialista em Vaticano

Filipe Domingues diz que próximo conclave pode surpreender porque Francisco diversificou os cardeais pelo mundo

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Em entrevista ao SBT News, o especialista em Vaticano Filipe Domingues, professor de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Gregoriana, destacou os principais legados do Papa Francisco após 12 anos de pontificado. O pontifíce morreu nesta segunda-feira (21).

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Segundo Domingues, Francisco foi eleito com a missão clara de reformar a Igreja Católica, modernizando suas estruturas e aproximando a instituição das principais discussões sociais do mundo contemporâneo. A ideia de uma "Igreja em saída", que abandona a sacristia para ir ao encontro das pessoas, foi central desde os primeiros momentos de seu pontificado.

“Ele falava de uma igreja que precisa sair e, ao encontro, sair da sacristia e ir para as ruas e ir para onde as pessoas estão e para todos os ambientes”, disse Domingues.

O professor ressaltou que a visão pastoral de Francisco se materializou em uma Igreja aberta e acolhedora. O Papa propôs que a Igreja funcionasse como um "hospital de campanha", priorizando o acolhimento e a cura das feridas humanas antes das exigências doutrinais. Sua imagem de padres com "cheiro de ovelha" reforça essa proximidade entre o clero e os fiéis, que se refletiu tanto em seu trabalho pastoral quanto em suas ações diplomáticas.

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“Ele falava que queria que os padres fossem pastores com cheiro de ovelha. Então, aquele pastor que estava encostadinho na ovelha o tempo inteiro, acolhendo, caminhando com as pessoas, essa igreja com o povo de Deus era a mensagem que o Papa Francisco procurou transmitir”, declarou.

A simplicidade foi outro pilar fundamental da atuação de Francisco. O especialista lembrou de gestos emblemáticos, como a decisão do Papa de viver na Casa Santa Marta, um hotel dentro do Vaticano, em vez do luxuoso Palácio Apostólico. No funeral, Francisco também pediu um rito sem ostentação. Para Domingues, o Papa queria ser visto principalmente como pastor, não como monarca.

Sobre o impacto dessas mudanças na dinâmica da Igreja Católica, Domingues apontou que a ação de Francisco buscou tornar a Igreja mais próxima da realidade vivida pelas pessoas, em um contexto de queda no número de católicos em algumas regiões do mundo. Embora a Igreja esteja encolhendo na Europa e na América do Norte, cresce na África e na Ásia. Para refletir essa diversidade, o Papa nomeou cardeais de regiões tradicionalmente menos representadas, promovendo uma Igreja mais global e sinodal.

"Conclave pode surpreender"

Quanto à sucessão de Francisco, Domingues explicou que o processo prevê, inicialmente, um período de oração e luto. Após os ritos funerais, o conclave será convocado para a escolha do novo Papa. Atualmente, há 135 cardeais eleitores, todos com menos de 80 anos, e a eleição exigirá o apoio de dois terços dos votantes. O professor destacou ainda que, embora alguns cardeais sejam mais conhecidos, o próximo conclave pode surpreender, dado o perfil diversificado dos membros do Colégio Cardinalício.

Na entrevista ao SBT News, Filipe Domingues ressaltou que ainda é cedo para apontar favoritos para suceder Francisco. Nomes como os cardeais Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, Robert Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, Mario Gresh, secretário do Sínodo, Luis Antonio Tagle, do Dicastério para a Evangelização são mencionados, mas o cenário permanece aberto.

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“Como o Papa Francisco diversificou muito o Colégio Cardinalício, ele internacionalizou muito e nomeou alguns de países que nunca tinham tido antes um cardeal. Então, tem muita gente ali no colégio, muitos dos cardeais que não são muito conhecidos, nem entre eles, se conhecem tão bem. Eles ainda estão ali se conhecendo, porque eles já não estão todos presentes em Roma. Esse pode ser um conclave que vai surpreender a gente”, disse Domingues.
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