Justiça argentina rejeita prisão imediata de Kirchner e determina prazo para apresentação voluntária
Ex-presidente tem quatro dias para se apresentar à Justiça para cumprir pena de seis anos por corrupção durante seu mandato

SBT News
A Suprema Corte da Argentina negou, nesta quarta-feira (11), o pedido do Ministério Público para a prisão imediata da ex-presidente Cristina Kirchner. O tribunal determinou um prazo de quatro dias para que ela se apresente voluntariamente. A informação é do jornal Clarín.
Na terça-feira (10), a Corte rejeitou os recursos da defesa de Kirchner, de 72 anos, e confirmou a condenação a seis anos de prisão por corrupção durante seu governo, entre 2007 e 2015.
Além da pena, ela está proibida de exercer cargos públicos e deverá ressarcir o Estado argentino em cerca de US$ 85 bilhões.
Por ter mais de 70 anos, Cristina pode cumprir a pena em regime domiciliar. Seus advogados já protocolaram o pedido, mas até a publicação desta reportagem os juízes ainda não haviam se manifestado, ainda de acordo com o Clarín.
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Após a decisão, Kirchner discursou para apoiadores em frente ao edifício onde estava. Ela afirmou ser vítima de perseguição política e declarou que a sentença “já estava escrita”. A ex-presidente também chamou os juízes que confirmaram sua condenação de “fantoches”.
O presidente argentino Javier Milei, seu principal opositor político, comemorou a decisão nas redes sociais.
“Justiça. Fim. A República está funcionando e todos os jornalistas corruptos, cúmplices de políticos mentirosos, foram desmascarados em suas operetas sobre o suposto pacto de impunidade”, escreveu no X.
Condenação
A condenação de Cristina Kirchner já havia sido confirmada por duas instâncias da Justiça argentina. Ela respondia ao processo em liberdade enquanto aguardava o julgamento da Suprema Corte.
Outros nomes também foram condenados, segundo o jornal Clarín: Nelson Periotti, José López, Juan Carlos Villafañe, Raúl Pavesi, Mauricio Collareda, José Santibáñez, Raúl Daruich e Lázaro Báez.
Lázaro Báez é apontado como proprietário do Grupo Austral, que teria sido favorecido com 51 contratos públicos durante o governo de Cristina, principalmente na província de Santa Cruz, seu reduto político.
Segundo o Ministério Público, muitos desses contratos foram superfaturados e sequer foram concluídos.
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A acusação afirma que, após vencer as licitações, Báez repassava parte do dinheiro público das obras à ex-presidente, a seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003–2007), e a empresas da família do casal.
Cristina Kirchner governou a Argentina por dois mandatos, de 2007 a 2015, e foi vice-presidente no governo de Alberto Fernández, entre 2019 e 2023.
O julgamento é considerado o maior caso de corrupção com repercussão política no país.