Itália convoca greve nesta sexta (3) em protesto a interceptação de navios humanitários por Israel
Manifestantes acusam Tel Aviv de violar princípios constitucionais ao deter ativistas italianos em águas internacionais

Camila Stucaluc
A Confederação Geral Italiana de Trabalho (CGIL, na sigla em italiano) convocou uma greve geral para esta sexta-feira (3) em protesto à interceptação da Flotilha Global Sumud pelo exército israelense. Os navios levavam ajuda humanitária a palestinos na Faixa de Gaza, palco da guerra entre Israel e Hamas.
Até o momento, 40 barcos que estavam na flotilha foram interceptados por Israel em águas internacionais. Os navios transportavam cerca de 500 pessoas, entre parlamentares, advogados e ativistas. Segundo a confederação, entre os civis detidos estão cidadãos italianos.
“Isso é um golpe na própria ordem constitucional que impede a ação humanitária e a solidariedade com a população palestina submetida pelo governo israelense a uma verdadeira operação genocida. Não é apenas um crime contra pessoas indefesas, mas é grave que o governo italiano tenha abandonado os trabalhadores italianos em águas abertas internacionais, violando nossos princípios constitucionais", disse a CGIL.
Além da paralisação, o grupo organiza mais de 100 manifestações em toda a Itália. O Sindicato de Base (USB), que também participará da ação, disse ainda que pretende bloquear o porto de Gênova.
Esse será o segundo dia de protestos no país. Na noite de quinta-feira (2), milhares de manifestantes se reuniram em Roma em apoio à flotilha e aos palestinos, bem como em Milão e Turim. O mesmo ocorreu em Nápoles e Pisa, onde plataformas de trens foram ocupadas brevemente, bloqueando as viagens.
Além de condenar a ação de Israel, os manifestantes pedem a renúncia da primeira-ministra Giorgia Meloni. Os grupos defendem que a Itália deve interromper toda a colaboração militar e econômica com o governo israelense, assim como fechar os portos aos países que negociam com Tel Aviv.
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“Quando um Estado, como Israel, ataca uma missão humanitária civil reconhecida e apoiada por dezenas de organizações em todo o mundo, viola a soberania moral e política da Itália e de toda a comunidade internacional. Defender a Flotilha Global Sumud significa defender a liberdade, a paz, a dignidade do trabalho e dos povos”, disse a USB.