Embarcações com Greta Thunberg e ativistas brasileiros são interceptadas por Israel perto de Gaza
Segundo relatos publicados nas redes sociais do grupo de ativistas, os participantes foram levados para Israel

Antonio Souza
com informações da Reuters
Duas embarcações com seis ativistas brasileiros que participavam da Flotilha Global Sumud foram interceptadas por forças navais de Israel nesta quarta-feira (1º), enquanto navegavam rumo à Faixa de Gaza com remédios e alimentos. Em um dos navios estava a ativista sueca Greta Thunberg.
Os participantes estavam em uma flotilha, um conjunto organizado de barcos ou navios que viajam em coordenação, formando uma espécie de “comboio no mar”.
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De acordo com a organização da flotilha, a embarcação Sirius Haifa, que seguia acompanhada de outros barcos civis, foi abordada em águas internacionais por navios da Marinha israelense. Após a interceptação, transmissões ao vivo foram interrompidas e o contato com a tripulação foi perdido.
Mais cedo, outra flotilha chamada de Alma foi interceptada por Israel. Nela estava Greta Thumberg e o ativista Thiago Ávila.
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Os ativistas brasileiros foram:
- Bruno Sperb Rocha,
- Lisiane Penca Severo,
- Magno de Carvalho Costa
- Mariana Conti Takahashi
- Thiago Ávila
- Gabriela Tolotti
Mariana Conti, vereadora de Campinas pelo PSOL, havia publicado dois dias antes, em suas redes sociais, informações sobre a ajuda humanitária da flotilha. Durante uma transmissão ao vivo pelo Instagram, ela relatou o momento da interceptação pelas forças israelenses.
Veja:
A deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL) publicou em suas redes sociais sobre o ocorrido e fez um apelo às autoridades brasileiras para que intervenham em favor do retorno das ativistas ao Brasil.
Veja:
Mais cedo, o Thiago Ávila, que estava na flotilha com Greta, relatou à agência Reuters a interceptação das forças israelenses.
"Seis minutos a circular o nosso barco com toda a nossa equipa em nível máximo de alerta para uma intercepção e depois um ataque, o barco mudou de rumo e foi para o Sirius (outro barco da flotilha), que é o segundo barco na frente da nossa flotilha. Quando chegou ao Sirius, eles fizeram exatamente a mesma coisa. Uma manobra muito perigosa na frente da proa do barco, por milagre também não colidiu com o barco, e então começou a circular o barco também, por um tempo mais longo, por cerca de 15 minutos, até que finalmente se afastou e desapareceu.", disse Ávila em entrevista à agência de notícias Reuters.
A Flotilha Global Sumud reúne mais de 40 barcos civis, transportando cerca de 500 pessoas, entre parlamentares, advogados e ativistas. Entre eles está a ativista climática sueca Greta Thunberg.
O grupo afirma que a missão tem caráter exclusivamente humanitário e busca romper o bloqueio israelense a Gaza, levando insumos básicos em meio à guerra.
Os organizadores da flotilha afirmaram em nota que detectaram ao menos 20 embarcações militares no radar antes da abordagem. “Isso pode sinalizar um bloqueio naval. Mas que fique claro: não seremos intimidados por ameaças, assédio ou esforços para manter o cerco ilegal de Israel a Gaza”, declarou a coalizão.
Posição de Israel
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Israel disse que a flotilha foi alertada de que se aproximava de uma “zona de combate ativa” e que estaria violando um bloqueio naval considerado legal pelo país. Segundo o governo israelense, foi oferecida a opção de redirecionar a ajuda para Gaza “por canais seguros e pacíficos”.
O bloqueio marítimo à Faixa de Gaza é criticado por organizações internacionais, que o consideram uma forma de cerco que agrava a crise humanitária no território palestino. Já Israel defende a medida como necessária para impedir o envio de armas ao grupo Hamas.
Até o momento, não há informações confirmadas sobre a situação dos quatro brasileiros detidos. O Itamaraty ainda não divulgou posicionamento oficial sobre o caso.