Itália barra menção a "aborto legal e seguro" em declaração da cúpula do G7
Primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, é assumidamente contrária ao aborto; veto causou racha com o francês Emmanuel Macron
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, exigiu a retirada de uma referência ao "aborto legal e seguro" da declaração final da cúpula do G7 – grupo com as sete maiores economias do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). A informação foi divulgada pela agência de notícias Reuters, nesta quinta-feira (13).
O encontro de líderes mundiais acontece na Itália e vai até esta sexta-feira (14). O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participa como convidado, mas não é um dos signatários da declaração.
A proposta de inclusão do tema havia sido feita pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e por diplomatas canadenses. A única oposição foi da premiê italiana, de extrema-direita, que teria acusado o mandatário francês de tentar ganhar pontos políticos com o documento. Já Macron, sem citar Meloni, disse para jornalistas que em seu país há igualdade entre homens e mulheres, mas que essa "não é uma visão compartilhada por todos no espectro político".
"Todos os outros países os apoiaram, mas era uma linha vermelha para Meloni, por isso está ausente do texto final", disse um diplomata à Reuters.
Segundo a agência de notícias, o rascunho da declaração manteve compromissos com "o acesso universal a serviços de saúde adequados, acessíveis e de qualidade para as mulheres", assumidos pelos líderes do G7 no encontro de 2023 em Hiroshima, no Japão.
O comunicado do ano passado, no entanto, apelou ao "acesso ao aborto seguro e legal e aos cuidados pós-aborto". Essa referência foi removida.
Meloni é assumidamente contrária ao aborto. Em uma autobiografia, a primeira-ministra contou que, quando sua mãe estava grávida dela, esteve perto de realizar um aborto, mas acabou decidindo seguir com a gravidez. Em abril, o governo italiano aprovou uma lei que permite que grupos antiaborto entrem em clínicas especializadas para tentar convencer as mulheres a não abortar.