Israel planeja enviar palestinos de Rafah para "ilhas humanitárias" antes de ofensiva terrestre
Locais devem ser construídos com apoio da comunidade internacional para abrigar civis temporariamente
O exército de Israel disse, nessa quarta-feira (13), que planeja direcionar uma "parcela significativa" dos 1,4 milhão de palestinos abrigados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, para "ilhas humanitárias" antes da ofensiva terrestre na área. Os locais, segundo os militares, serão construídos no centro da região, com apoio internacional.
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"Precisamos garantir que 1,4 milhão de pessoas ou pelo menos uma quantidade significativa dos 1,4 milhão se movimentem. Onde? Às ilhas humanitárias que criaremos com a comunidade internacional", disse o porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari. Nas construções, serão fornecidos alimentos, água e outros itens de necessidade básica.
Apesar dos detalhes, Hagari não informou quando a evacuação em Rafah deve ocorrer. Ele disse apenas que Israel quer que o momento seja coordenado com o Egito, que está tentando evitar um fluxo de palestinos deslocados na fronteira, em Rafah.
O planejamento segue o "plano operacional" do exército, que visa destruir o grupo extremista Hamas. Benjamin Netanyahu, premiê de Israel, defende que a ofensiva em Rafah é crucial para alcançar o objetivo dos militares, uma vez que a cidade é um dos últimos locais que abrigam infraestruturas de comando ou batalha do Hamas.
O cenário, no entanto, é visto com extrema preocupação por autoridades e organizações internacionais. Como a cidade abriga mais de 1,4 milhão de civis, o temor é de que, se não evacuados, a operação resulte numa "carnificina" de inocentes, assim como dito pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk.
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O mesmo é dito pelos Estados Unidos, principal aliado de Israel, que vem pressionando Netanyahu para garantir a segurança dos palestinos em Gaza. "Precisamos ver um plano que tire os civis do perigo se houver uma operação militar em Rafah”, disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, antes do plano israelense ser anunciado.