Governo Trump suspende agendamento e concessão de vistos para estudantes estrangeiros
Telegrama enviado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, ordenou a suspensão temporária das categorias de visto F, M e J
Vicklin Moraes
O governo do presidente Donald Trump ordenou a suspensão da emissão de vistos para estudantes em todos os consulados dos Estados Unidos ao redor do mundo. A informação foi divulgada nesta terça-feira (27) pela agência Reuters e pelo jornal britânico The Guardian.
Segundo um telegrama enviado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, o Departamento de Estado planeja emitir orientações atualizadas sobre a triagem de redes sociais de candidatos a vistos de estudo e intercâmbio. Enquanto a nova diretriz está em fase final de análise, o documento determina que os consulados interrompam temporariamente o agendamento de entrevistas e a concessão de novos vistos das categorias F, M e J.
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"Com efeito imediato, em preparação para a expansão da triagem e verificação obrigatórias nas redes sociais, as seções consulares não devem adicionar mais nenhum visto de estudante ou visitante de intercâmbio (F, M e J) até que novas orientações sejam emitidas, o que prevemos para os próximos dias", afirma o telegrama.
Ao ser questionada sobre o impacto da medida para estudantes internacionais, a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, não comentou diretamente o caso, reforçando que o governo não trata publicamente de solicitações individuais de visto.
"Em todas as situações, não comentamos casos individuais. Não falamos sobre a natureza das decisões tomadas em relação a pessoas. No entanto, sabemos que levamos muito a sério o processo de verificação de quem entra no país. Vamos continuar fazendo essa triagem, seja você um estudante, turista ou qualquer outra pessoa. Estaremos de olho em você", afirmou.

O que diz o governo americano
Mais tarde, um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano informou à reportagem do SBT que "o governo Trump está focado em proteger nossa nação e nossos cidadãos, mantendo os mais altos padrões de segurança nacional e pública em nosso processo de visto”.
O porta-voz informou ainda que “toda decisão sobre visto é uma decisão de segurança nacional. Todo viajante em potencial para os Estados Unidos passa por uma verificação de segurança interinstitucional. Proibir a entrada nos Estados Unidos de pessoas que possam representar uma ameaça à segurança nacional ou pública dos EUA é fundamental para proteger os cidadãos americanos em seu país”.
Sobre o agendamento de entrevistas para visto de não-imigrante, o representante do governo disse se tratar de um processo dinâmico. “A capacidade de uma embaixada ou consulado reflete o tempo necessário para que os funcionários consulares julguem os casos perante eles em total conformidade com a lei americana, inclusive para garantir que os requerentes não representem um risco à segurança ou à proteção dos Estados Unidos”.
O porta-voz também afirmou que “desde 2019, o Departamento de Estado exige que os requerentes de visto forneçam identificadores de mídia social nos formulários de solicitação de visto de imigrante e não imigrante. Utilizamos todas as informações disponíveis em nossa triagem e verificação de vistos. Todos os requerentes de visto, independentemente do tipo e de sua localização, são continuamente verificados. A verificação de segurança ocorre desde o momento de cada solicitação, passando pela adjudicação do visto, e posteriormente durante o período de validade de cada visto emitido, para garantir que o indivíduo permaneça elegível para viajar aos Estados Unidos”.
Trump e os estudantes estrangeiros
A tensão entre o governo Trump e as universidades americanas se agravou nas últimas semanas. Na última quinta-feira (22), a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, anunciou a retirada da certificação que permite que instituições de ensino patrocinem vistos para estudantes internacionais. A medida, segundo ela, seria uma resposta ao suposto envolvimento de alunos estrangeiros em atos de violência e protestos.
No último dia 16, Noem havia exigido que a Universidade de Harvard entregasse registros de seus estudantes internacionais. A instituição recusou a solicitação. Em resposta, o governo suspendeu a autorização internacional da universidade, o que impedia a manutenção de estudantes estrangeiros no campus.
A decisão, no entanto, foi suspensa pela juíza Allison Burroughs, do Tribunal Distrital dos EUA. Com isso, a suspensão da matrícula dos estudantes internacionais foi anulada, mas o governo federal ainda pode recorrer.
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Segundo o Departamento de Segurança Interna, a nova regra entrará em vigor a partir do ano letivo de 2025-2026. Estudantes que ainda não tiverem concluído seus cursos até lá deverão se transferir para outras instituições com certificação válida, sob risco de perderem seus vistos.
No processo judicial movido por Harvard, a universidade alegou que a decisão gerou caos no campus às vésperas da formatura da turma de 2025. Estudantes internacionais que ocupam funções essenciais — como administração de laboratórios, monitoria acadêmica e participação em equipes esportivas — passaram a enfrentar a incerteza de continuar seus estudos ou correr o risco de perder o status legal no país.