Golpe na Bolívia: qual o cenário que levou à tentativa de tomada de poder no país?
General considerado responsável por arquitetar o movimento tem histórico de polêmicas
O presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciou uma tentativa de golpe de Estado no país nesta quarta-feira (26). Tanques do exército e militares armados invadiram o Palácio Quemado, sede do governo, obedecendo a comandos de Juan José Zuñiga, comandante do Exército acusado de ter arquitetado o golpe.
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Arce demitiu Zuñiga na terça-feira (25) e o atual comandante se encarregou de desmobilizar as tropas golpistas e ordenou que os soldados voltassem aos quartéis. O presidente nomeou três novos chefes para as Forças Armadas após a tentativa de golpe.
Histórico
Zuñiga assumiu o comando em novembro de 2022 e foi destituído da posição nos últimos dias, após começar a se manifestar politicamente. O militar, que também já foi chefe do Estado-Maior, foi acusado pelo ex-presidente Evo Morales de ser o líder do grupo “Pachajcho”, que teria supostamente tramado um plano contra ele.
Na segunda (24), Zuñiga afirmou que prenderia Morales caso o ex-presidente voltasse a se eleger. Nesta quarta, o ex-comandante afirmou a TVs locais que o movimento era uma “tentativa de restaurar a democracia” na Bolívia e de libertar prisioneiros políticos.
Em 2013, um relatório oficial do governo boliviano detalhou que o general foi o principal responsável por desviar mais de 2,7 milhões de pesos bolivianos. O dinheiro tinha como destino o Bônus Juancito Pinto, a Renta Dignidade e despesas de viagens de militares.
O ex-comandante tinha a fama de ser um espião a favor do “poder do povo”, além de ser próximo dos movimentos sindicais na Bolívia.