Gaza: Ataques israelenses atrasam campanha de vacinação contra a pólio
Gaza havia erradicado a poliomielite há mais de 25 anos, mas este ano relatou primeiro caso desde então; campanha pretendia vacinar 119.279 crianças
Os ataques intensos de Israel no norte da Faixa de Gaza, além dos deslocamentos em massa e da falta de acesso, levaram ao adiamento da última etapa da campanha de vacinação contra a poliomielite no enclave, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (23).
De acordo com a OMS, pausas humanitárias são fundamentais para garantir o sucesso da campanha. Essas pausas permitiriam que os parceiros envolvidos entregassem as vacinas aos centros de saúde, que as famílias levassem suas crianças para os locais de vacinação de forma segura e que as equipes de saúde pudessem atuar nas comunidades.
No entanto, por conta da violência crescente, os bombardeios e a falta de cessar-fogo no norte de Gaza, o Comitê Técnico de Pólio da região adiou a terceira e última fase da campanha de vacinação, que começaria quarta. A fase final pretendia vacinar 119.279 crianças.
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A campanha estava pronta para vacinar as crianças com a segunda dose da nova vacina oral contra a poliomielite tipo 2 (nOPV2). A primeira rodada de vacinação já havia sido concluída entre 1º e 12 de setembro. Entretanto, a área aprovada para pausas humanitárias foi significativamente reduzida, restringindo-se à cidade de Gaza, o que ameaça a imunização de crianças do norte.
Risco de novo surto
Gaza havia erradicado a poliomielite há mais de 25 anos, mas este ano relatou seu primeiro caso desde então, devido ao impacto da guerra e do cerco à região.
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Abdel-Rahman Abu El-Jedian, de 10 meses, ficou parcialmente paralisado por uma cepa mutante do vírus que pessoas vacinadas eliminam. O menino não foi vacinado porque nasceu pouco antes de 7 de outubro de 2023, quando começou o conflito entre Israel e o grupo Hamas.
A OMS alerta que o adiamento da segunda dose pode reduzir a eficácia da campanha e comprometer o controle do surto, não apenas em Gaza, mas também nos países vizinhos.
População cercada e bombardeada
Atualmente, cerca de 400 mil pessoas permanecem sitiadas no norte de Gaza, sofrendo com bombardeios constantes e ordens de evacuação por parte das Forças de Defesa de Israel (IDF).
Na última terça-feira (22), a OMS, junto com outras agências da ONU, solicitou acesso imediato ao norte de Gaza para fornecer ajuda humanitária essencial, o que foi negado.