Crianças em Gaza começam a receber vacinas contra a poliomielite
Campanha tem como meta vacinar 640 mil crianças palestinas durante período de trégua concedida por Israel depois da volta da doença à região
Começou nesta sábado (31) a campanha para vacinar crianças em Gaza contra a poliomielite e prevenir a propagação do vírus da paralisia infantil, informou o Ministério da Saúde local.
A iniciativa inicia em um momento em que palestinos ainda se recuperam de ofensivas militares de Israel.
Acordo que prevê algumas horas de trégua na guerra por dia para a vacinação foi firmado com mediação da Organização Mundial da Saúde (OMS) depois de um caso da doença ter sido identificado em Gaza.
Um pequeno número de crianças em Gaza recebeu doses um dia antes da distribuição em larga escala da vacina e da pausa planejada nos combates acordada.
“Deve haver um cessar-fogo para que as equipes possam alcançar todos os alvos desta campanha”, disse o Yousef Abu Al-Rish, vice-ministro da Saúde de Gaza. Al-Rish citou que há esgoto correndo em meio a acampamentos lotados - a poliomielite é transmitida por matéria fecal.
Jornalistas da Associated Press (AP) viram dez crianças recebendo doses no hospital Nasser em Khan Younis.
“Fiquei apavorada e esperando a vacinação chegar e que todos a recebessem”, disse Amal Shaheen, mãe de uma menina que recebeu a vacina.
Campanha de vacinação vai até 9 de setembro
Israel informou que a campanha de vacinação segue até 9 de setembro, com trêguas de oito horas por dia. A expectativa é que Israel pause algumas operações em Gaza para permitir que agentes de saúde administrem as vacinas. A meta é vacinar 640 mil crianças palestinas.
A campanha de vacinação acontece depois que o primeiro caso de pólio em 25 anos em Gaza foi descoberto em agosto. Os médicos concluíram que um bebê de 10 meses ficou parcialmente paralisado por uma cepa mutante do vírus após não ter sido vacinado. A maioria das pessoas que contraem a doença não apresenta sintomas, e aquelas que apresentam geralmente se recuperam em uma semana ou mais. Mas não há cura.
Trabalhadores da saúde em Gaza vêm alertando há meses sobre o potencial de um surto de pólio. A crise humanitária no território se aprofundou durante a guerra, que estourou em 7 de outubro de 2023.
Contagem alta de mortos e feridos
O Ministério da Saúde de Gaza disse que os hospitais da região receberam 89 mortos no sábado (31), sendo 26 vítimas de um bombardeio israelense durante a noite. Outras 205 pessoas ficaram feridas. Essa é uma das maiores contagens diárias de baixas dos últimos meses.
Partes da Cisjordânia permaneceram sob tensão, alvo da campanha militar israelense mais mortal desde o início da guerra.
A entidade Médicos Sem Fronteiras disse em comunicado estar "alarmada" com a escala e a intensidade da incursão de Israel e afirmou que as forças israelenses "obstruíram o acesso às instalações de saúde e atacaram ambulâncias".
(Com informações da AP)