Funeral de Alexei Navalny será na sexta-feira (1º) em Moscou, anuncia porta-voz
Corpo de opositor russo foi entregue à mãe nesta semana; comunidade internacional duvida de causa da morte
Camila Stucaluc
A porta-voz de Alexei Navalny, Kira Yarmysh, informou, nesta quarta-feira (28), que o funeral do opositor russo será realizado no dia 1º de março, a partir das 14h, no distrito de Maryino. Segundo ela, a cerimônia será aberta ao público, enquanto o enterro, programado para às 16h no Cemitério Borisov, será reservado para amigos e familiares.
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Navalny foi encontrado morto em uma prisão na Sibéria no último dia 16, onde cumpria uma sentença de 19 anos de prisão por acusações de extremismo e outros crimes. O corpo do opositor russo, no entanto, foi entregue à família apenas esta semana, depois de passar por perícias e "exames químicos" durante uma semana.
Apesar de o laudo apontar para “morte por causas naturais”, líderes internacionais, assim como a família de Navalny, culpam o Kremlin pelo óbito. Isso porque aliados afirmam que o político, considerado um dos principais rivais do presidente russo Vladimir Putin, estava prestes a ser libertado em uma troca internacional de prisioneiros.
“Desde ontem procuramos um local onde possamos organizar um evento de despedida. Ligamos para a maioria das agências funerárias públicas e privadas, locais comerciais e casas funerárias. Alguns deles dizem que o local está lotado. Alguns recusam quando mencionamos o sobrenome ‘Navalny’. Num determinado local, fomos informados de que as agências funerárias estavam proibidas de trabalhar conosco”, disse Yarmysh.
A porta-voz denunciou ainda que as autoridades voltaram a pressionar a família de Navalny para realizar um enterro privado, sem cerimônia fúnebre. O mesmo já havia ocorrido com a mãe do opositor russo, Lyudmila Navalnaya, quando os investigadores ainda se negavam a entregar o corpo do filho. “Eles querem que isso seja feito em segredo”, disse ela.
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A orientação é que os cidadãos cheguem cedo para conseguir participar da cerimônia de despedida. Na última semana, contudo, centenas de pessoas foram presas por prestar homenagens ao opositor russo, sobretudo em São Petersburgo e Moscou, a maioria sendo condenada a pelo menos duas semanas de prisão