Envio de jatos, acusação de tráfico de drogas e reação de Maduro: a escalada na tensão entre EUA e Venezuela
Em entrevista exclusiva ao SBT, presidente Lula declarou que Brasil não tomará lado no conflito e ficará "do lado da paz"

SBT News
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela escalou nos últimos dias, deixando uma incerteza no ar sobre até onde o conflito pode chegar. Tanto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou de tema em entrevista exclusiva ao SBT nesta sexta-feira (05).
Perguntado pelo apresentador do SBT Brasil, Cesar Filho, sobre o assunto, Lula disse que o Brasil não tomará lado.
“O Brasil entende que a guerra não leva a nada, a não ser à matança e ao empobrecimento. Se tem divergência entre duas nações, não tem coisa melhor, mais barata, para se resolver do que sentar numa mesa de negociação e conversar”, afirmou Lula, em entrevista exclusiva a Cesar Filho. “O Brasil vai ficar do lado em que sempre esteve: do lado da paz. O Brasil é um país que não tem contencioso internacional, e nem queremos contencioso internacional.”
Envio de jatos
Nesta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump enviou 10 jatos modelo F-35 para Porto Rico sob o argumento de combate ao tráfico internacional de drogas. Trump busca associar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, à gangue Tren de Aragua, classificada por Washington como organização terrorista em fevereiro.
Também na sexta, Maduro pediu aos Estados Unidos que abandonem o que ele descreveu como planos de “mudança violenta de regime” na Venezuela e em toda a América Latina.
"Tivemos diferenças, mas nenhuma das diferenças que tivemos e continuamos a ter poderia levar a um conflito militar de grande impacto ou a violência na América do Sul e em nossa América”.
Ataque a embarcação
A declaração acontece depois do envio dos jatos e de um ataque norte-americano a uma embarcação venezuelana que deixou 11 mortos, na terça-feira (02). Segundo Trump, tratava-se do transporte de narcóticos ilegais.
"Nós acabamos, nos últimos minutos, de disparar literalmente em um barco que transportava drogas", disse Trump a repórteres na Casa Branca.
"E há mais de onde esse veio. Temos muitas drogas entrando em nosso país, entrando há muito tempo. Elas vieram da Venezuela", continuou Trump.
sobrevoo de aeronave
Dois dias depois, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos informou que duas aeronaves militares venezuelanas voaram perto de um navio do país em águas internacionais. A ação foi classificada como “altamente provocativa” pela pasta, que alertou o governo venezuelano a não interferir nas operações norte-americanas.
“Este movimento altamente provocativo foi projetado para interferir em nossas operações antiterroristas. O cartel que governa a Venezuela é fortemente aconselhado a não buscar nenhum esforço adicional para obstruir, deter ou interferir nas operações antinarcóticos e antiterroristas realizadas pelos militares dos EUA", disse o departamento, em comunicado.
Envio de navios
A consolidação de uma escalada de tensão que já vem de anos começou com o atracamento de um navio dos EUA no canal do Panamá, no final de agosto.
Ao todo, sete navios de guerra e um submarino movido a energia nuclear estão na região costeira venezuelana. Juntos, eles transportam mais de 4,5 mil marinheiros e fuzileiros navais. A frota inclui os destróieres USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, além de aviões de vigilância P-8 e pelo menos um submarino de ataque.
Ao saber da movimentação norte-americana, o governo venezuelano reagiu. Coube à vice-presidente Delcy Rodriguez fazer a principal ameaça a Donald Trump:
"Que eles [os Estados Unidos] não se atrevam, porque seremos seu pior pesadelo", ameaçou.