Em meio à onda de violência, primeiro-ministro do Haiti renuncia ao cargo
Ariel Henry deixará posto assim que um premiê interino for eleito pelo Conselho de Transição
O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, renunciou ao cargo na noite dessa segunda-feira (11). A informação foi divulgada pelo presidente Guiana e atual líder da Comunidade do Caribe (Caricom), Irfaan Ali, que disse que reconhecerá a renúncia do premiê após o estabelecimento de um Conselho Presidencial de Transição.
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"Líderes caribenhos reconhecem a renúncia do primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, assim que um conselho presidencial de transição for criado e um premiê interino for nomeado", disse Irfaan Ali. Segundo ele, o grupo será composto por dois observadores e sete membros com poder de voto, incluindo representantes do setor privado.
A renúncia de Henry vem em meio à crise de segurança no Haiti, que ocorre desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021. A violência é causada por gangues, que assumiram o controle de várias áreas do país, incluindo a capital, Porto Príncipe. Os grupos exigem a renúncia do premiê ou a criação de um conselho de transição.
Tal crise piorou no início de março, quando as gangues invadiram as duas maiores prisões do país e libertaram mais de 3 mil detentos. Desde então, houve diversos confrontos entre gangues e policiais nas ruas, além de ataques em hospitais. Em meio ao cenário, o governo decretou estado de emergência e impôs um toque de recolher.
Apesar do anúncio de renúncia, Henry continua impedido de entrar no Haiti. O premiê havia viajado para o Quênia no início do mês – onde tentou assinar um acordo para o envio de reforço policial –, mas não conseguiu desembarcar na República Dominicana, que faz fronteira com o Haiti, por, segundo o governo local, "questões de segurança".
Atualmente, Henry está na ilha de Porto Rico – território pertencente aos Estados Unidos. As autoridades afirmaram que o premiê pode continuar no local até que consiga retornar com segurança para o Haiti.
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"A comunidade internacional deve trabalhar em conjunto com os haitianos para uma transição política pacífica", disse o secretário-adjunto dos Estados Unidos para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian Nichols. Ele participou da reunião de emergência sobre o caso, na segunda-feira, assim como líderes de países do Caricom, França, Canadá e Brasil.