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Em meio à negociação do tarifaço, Lula faz crítica sutil à intervenção dos EUA na Venezuela

Presidente alertou para o retorno da retórica de força militar na América Latina e no Caribe, sem manifestar apoio direto ao governo de Nicolás Maduro

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Presidente Lula na Abertura da 4.ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da CELAC e da UE, na Sala Plenária do Centro de Convenções do Hotel Estelar Santamar. Santa Marta - Colômbia | Foto: Ricardo Stuckert / PR
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Em meio às negociações do chamado tarifaço e a uma agenda voltada à política econômica interna, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a Cúpula da CELAC, neste domingo (9), em Santa Marta, na Colômbia, para enviar um recado sutil aos Estados Unidos e ao cenário de tensão na Venezuela.

Sem citar nomes, Lula afirmou que “a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe” e criticou “velhas manobras retóricas recicladas para justificar intervenções ilegais”.

A fala pode ser interpretada como referência indireta à movimentação de navios norte-americanos no mar do Caribe e à escalada de hostilidades contra o regime de Nicolás Maduro.

O presidente brasileiro disse que a América Latina é “uma região de paz” e que quer “permanecer em paz”, ressaltando que “democracias não combatem o crime violando o direito internacional”.

+Lula diz que “ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe”

Lula também advertiu que a democracia se enfraquece quando “o crime corrompe as instituições, esvazia os espaços públicos e destrói famílias e negócios”.

Em tom pragmático, ele afirmou que a segurança é “um dever do Estado e um direito humano fundamental” e defendeu a cooperação regional no combate ao crime organizado. “É preciso reprimir o crime e suas lideranças, estrangulando o financiamento e rastreando o tráfico de armas”, disse.

O discurso não incluiu qualquer menção direta de solidariedade à Venezuela. A opção por uma formulação genérica, porém firme, foi vista por fontes como tentativa de equilibrar o tom entre a defesa da soberania latino-americana e a busca de diálogo com Washington.

A presença de Lula na Cúpula foi decidida de última hora, a convite do presidente colombiano Gustavo Petro, que buscava evitar o esvaziamento do encontro. Nenhum outro chefe de Estado latino-americano compareceu ao evento, que reuniu ministros e representantes de países da região e da União Europeia.

Com o gesto, Lula tentou reposicionar o Brasil como voz moderada no tabuleiro regional, ao mesmo tempo em que reforçou sua mensagem de que a paz e a integração latino-americana dependem do respeito ao direito internacional, e não da imposição militar.

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