Lula diz que “ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe”
Sem citar Trump, presidente brasileiro falou em "velhas manobras retóricas para justificar intervenções ilegais"; discurso foi na abertura da Cúpula da Celac


Hariane Bittencourt
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, neste domingo (9), que a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Ele discursou na abertura da Cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos) com a União Europeia, na Colômbia.
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“A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional”, afirmou, sem citar nominalmente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Preocupado com a crescente tensão entre Venezuela e Estados Unidos, o presidente brasileiro também disse que a “América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração” e fez críticas a posturas que classificou como intolerantes.
“A intolerância ganha força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar à mesma mesa. Voltamos a conviver com as ameaças do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder solapam a democracia”, pontuou o petista.
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Lula associou a falta de capacidade de diálogo entre campos ideológicos divergentes com o insucesso de cúpulas e reuniões de líderes, por vezes desprestigiadas por integrantes da alta cúpula dos países. “Vivemos de reunião em reunião, repletas de ideias e iniciativas que muitas vezes não saem do papel. Nossas Cúpulas se tornaram um ritual vazio, dos quais se ausentam os principais líderes regionais”, disse o presidente.
Além do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anfitrião do evento, apenas Lula participa do encontro como chefe de Estado. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cancelou sua presença. O presidente brasileiro retorna a Belém (PA) ainda neste domingo. Amanhã (10) ele participa da abertura da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP30.








