Eixo da Resistência: Entenda a aliança de grupos no Oriente Médio para tentar fazer frente a Israel
Irã respondeu às mortes de líderes do Hamas e Hazbollah e lançou mísseis balísticos no território de Israel na terça-feira (1º)
O Irã lançou ao menos 150 mísseis balísticos no território de Israel na terça-feira (1), aumentando ainda mais a tensão no Oriente Médio. Entre os possíveis alvos estão três bases aéreas israelenses e uma base de inteligência localizada ao norte de Tel Aviv e Jerusalém Ocidental.
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O ataque foi uma retaliação contra os recentes bombardeios e explosões que Israel vem promovendo no Líbano e na Faixa de Gaza, regiões onde estão localizados os grupos Hezbollah e Hamas. Ambos fazem parte do que é conhecido como 'Eixo da Resistência', uma aliança política e militar formada por grupos que se opõem à presença e à influência ocidental, em especial dos Estados Unidos e de Israel, no Oriente Médio. A morte de importantes líderes desses grupos, como Hassan Nasrallah, do Hezbollah, motivou a investida.
Desde o ataque do Hamas contra Israel em outubro de 2023, a relação entre os grupos ficou ainda mais evidente, especialmente na forma como estão se ajudando e coordenando ações para deter Tel Aviv, que é militarmente mais poderoso.
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Entenda mais sobre os grupos e como eles têm se ajudado:
Irã
O Irã é a principal potência por trás do Eixo da Resistência, sendo o maior financiador e coordenador das atividades dos grupos aliados. A República Islâmica do Irã, desde a Revolução de 1979, adotou uma postura antiocidental e anti-Israel, promovendo a ideologia da "resistência" a influências estrangeiras no Oriente Médio. Além disso, o Irã é um país majoritariamente xiita e busca expandir sua influência entre as comunidades xiitas da região.
O Irã fornece apoio militar, financeiro e logístico a grupos como o Hezbollah no Líbano, Hamas e Jihad Islâmica na Palestina, além dos Houthis no Iêmen. Também utiliza seu braço militar, a Força Quds (uma divisão de elite da Guarda Revolucionária Iraniana), para treinar e armar essas organizações, além de coordenar operações no campo de batalha.
Hezbollah (Líbano)
O Hezbollah (Partido de Deus) é um grupo xiita libanês que se formou em 1982 durante a guerra civil libanesa e como resposta à invasão israelense do Líbano. Ele foi fundado com apoio direto do Irã e desde então mantém uma relação muito próxima com Teerã, recebendo treinamento, armas e financiamento.
O grupo se opõe fortemente à presença israelense no sul do Líbano e às políticas israelenses na região em geral. Embora tenha começado como uma organização militante, se tornou um ator político central no Líbano, com significativa influência no governo e das forças armadas libanesas.
O Hezbollah começou a realizar ataques de foguetes contra o norte de Israel logo após o início dos confrontos entre o Hamas e Israel, em outubro de 2023. A ideia do grupo parece ser abrir uma "segunda frente" de batalha no norte, distraindo as forças israelenses e as obrigando a dividir a atenção entre Gaza e a fronteira libanesa.
Hamas (Palestina)
O Hamas é um movimento palestino sunita que surgiu em 1987, durante a Primeira Intifada, como um braço da Irmandade Muçulmana. Embora seja um movimento sunita, o Hamas se aliou ao Irã por causa de seu objetivo comum de combater Israel.
O grupo busca a criação de um estado islâmico palestino na totalidade do território histórico da Palestina. Além de sua ala militar, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, o Hamas também tem uma ala política e realiza programas sociais nos territórios palestinos, especialmente na Faixa de Gaza, que está sob seu controle desde 2007.
Embora a relação entre o Hamas e o Irã tenha se enfraquecido por um período devido ao apoio do grupo à oposição sunita na guerra civil síria, essa parceria foi restabelecida nos últimos anos. O Irã fornece armamentos, tecnologia de foguetes e financiamento ao Hamas.
Jihad Islâmica Palestina (Palestina)
A Jihad Islâmica Palestina (PIJ) é um grupo militante sunita que, como o Hamas, busca a "libertação" da Palestina. Surgiu na década de 1980, também como uma resposta à ocupação israelense.
O PIJ é menor em termos de membros e influência política em comparação com o Hamas, mas é uma força importante em Gaza e na Cisjordânia. A organização não participa do processo político palestino, ao contrário do Hamas, e se concentra exclusivamente na luta armada e frequentemente coordena ataques com o Hamas.
Síria (Governo de Bashar al-Assad)
A Síria sob o regime de Bashar al-Assad faz parte do Eixo da Resistência devido à sua aliança estratégica com o Irã e o Hezbollah. Desde a guerra civil síria, essa relação se aprofundou, já que o Irã e o Hezbollah desempenharam um papel crucial na defesa do governo de Assad contra forças rebeldes.
Além disso, a sobrevivência do regime de Assad é vital para a continuidade do Eixo da Resistência, já que a Síria funciona como um corredor logístico e geopolítico entre o Irã e o Hezbollah no Líbano. É a partir da Síria que acontece a transferência de armas iranianas para o Hezbollah. Além disso, o país mantém uma posição estratégica nas frentes de batalha contra Israel.
Houthis (Iêmen)
Os Houthis são uma milícia xiita baseada no norte do Iêmen. O grupo se tornou amplamente conhecido durante a guerra civil iemenita, que começou em 2015, e mantém uma feroz oposição à Arábia Saudita e à coalizão apoiada pelo Ocidente.
Embora estejam distantes geograficamente, os Houthis expressaram seu apoio ao Hamas e têm atacado navios ligados a interesses ocidentais e israelenses no Mar Vermelho. Esse tipo de ação é uma forma indireta de pressionar Israel e aliados de Israel, além de ajudar a dividir a atenção militar de Israel para outras regiões.
Ataque do Hamas elevou o patamar dos conflitos
O conflito no Oriente Médio atingiu patamares elevados após o Hamas invadir e sequestrar diversos israelenses, em outubro do ano passado. A fim de retomar territórios ocupados ilegalmente, o grupo extremista sequestrou diversas pessoas no território para usar como moeda de troca. O grupo publicou nas redes sociais um vídeo mostrando as pessoas detidas. Segundo as Forças Armadas israelenses, o ataque surpresa foi orquestrado a partir da infiltração de homens "terroristas" armados em cidades israelenses com disparo de vários foguetes, que foram disparados a partir da Faixa de Gaza. Este é considerado um dos maiores ataques sofridos no país nos últimos anos. Com isso, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou guerra contra o Hamas e passou a atacar constantemente a Faixa de Gaza, na Palestina. Desde então, os bombardeios israelenses já mataram mais de 40 mil pessoas e o número de feridos se aproxima de 100 mil.