Com 1,8 mil detenções, Venezuela registra maior número de presos políticos do século
Maioria das prisões ocorreu em protestos que contestaram a vitória de Nicolás Maduro nas eleições
Um levantamento do Fórum Penal da Venezuela mostrou que 1.780 pessoas foram presas por motivos políticos até esta quinta-feira (29). Do total, 1.571 prisões ocorreram desde o dia 29 de julho, quando houve o anúncio da vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições. O número, segundo o órgão, é o maior do século para o país.
"Registramos o maior número de presos políticos da história da Venezuela no século XXI. A situação pós-eleitoral inclui prisões de pessoas que só saíram para protestar”, disse o diretor do Fórum Penal e advogado de direitos humanos, Alfredo Romero. Segundo ele, existem pessoas detidas a partir dos 14 anos de idade.
A crise política na Venezuela aumentou devido às eleições. Isso porque, na contagem do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro apareceu 52,21% dos votos, ante 44,2% de Edmundo González, principal concorrente. A oposição contestou os números e alegou fraude na apuração, afirmando ter provas da vitória de González no pleito.
A apuração também foi questionada por governos internacionais, incluindo Panamá, Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Argentina, Uruguai, Brasil e Colômbia, que pediram a divulgação das atas eleitorais. Como a solicitação foi negada pelo Tribunal de Justiça da Venezuela, alguns países rechaçaram o reconhecimento da reeleição de Mauro.
Em meio à repercussão, os moradores saíram às ruas em protesto. Os atos se estenderam por todas as regiões do país, provocando confrontos com policiais e a deterioração do patrimônio público, como as estátuas relacionadas ao regime chavista. Maduro prometeu penas de até 30 anos de prisão, dizendo que “não haveria perdão”.
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Além dos manifestantes, o presidente pediu a prisão de González e de Maria Corina Machado, líder da oposição, culpando ambos pela violência nos protestos. O Ministério Público intimou González a depor duas vezes pela divulgação das atas das urnas eleitorais, mas o opositor ignorou as convocações. Ele deve ser intimado novamente e, se voltar a faltar, pode acabar sendo preso.