Cessar-fogo entre Hamas e Israel pode trazer calma duradoura a Gaza?
Grupo palestino deve libertar 20 reféns vivos neste fim de semana; veja o que se sabe e o que falta esclarecer sobre acordo negociado por Trump

SBT News
com informações da Reuters
Israel e Hamas concordaram na quarta-feira (8) com a primeira fase do plano do presidente dos EUA, Donald Trump, para Gaza: um cessar-fogo e um acordo de reféns que podem ser o primeiro passo para pôr fim a uma guerra sangrenta de dois anos que assola o Oriente Médio.
Aqui estão alguns detalhes do que se sabe e do que não se sabe até agora:
O que sabemos sobre o acordo
O acordo de paz de Trump, que engloba 20 pontos, resultou de negociações indiretas no Egito, um dia após o segundo aniversário do ataque do Hamas a Israel, que desencadeou o ataque israelense a Gaza.
Trump anunciou que tanto Israel quanto o Hamas aprovaram a primeira fase do plano, o que significaria a libertação de todos os reféns, vivos e mortos, "muito em breve" e a retirada das tropas israelenses para a chamada linha amarela em Gaza. De acordo com uma fonte sênior de segurança israelense, esse é o limite para uma retirada inicial israelense, segundo o plano do presidente norte-americano.
O Hamas confirmou que chegou a um acordo para encerrar a guerra, que inclui a retirada israelense de Gaza e uma troca de reféns e prisioneiros, mas o grupo pediu a Trump e aos estados garantidores que garantam que Israel implemente totalmente o cessar-fogo.
Segundo a Casa Branca, o acordo engloba 20 pontos, entre eles, a libertação dos 48 reféns ainda mantidos pelo Hamas, vivos e mortos, em troca de 250 palestinos condenados e 1.700 detidos em Israel. O texto também inclui a desmilitarização de Gaza e a entrada de ajuda humanitária na região, incluindo a reconstrução de infraestrutura.
É proposto ainda que, enquanto um novo governo não é firmado, o enclave palestino será administrado por uma gestão internacional temporária, chamada de "Conselho da Paz", chefiada por Trump e outros líderes e ex-chefes de Estado, e composto por palestinos qualificados. O Hamas, por outro lado, não terá participação no governo.
Outros pontos do acordo incluem:
- a criação de um plano de desenvolvimento para reconstruir e revitalizar Gaza;
- o estabelecimento de uma zona econômica especial com tarifas preferenciais e taxas de acesso negociadas;
- a garantia de segurança por parceiros regionais, que deverão impedir o Hamas e outras facções de descumprirem os termos do acordo.
O que falta esclarecer
Apesar das esperanças levantadas para o fim da guerra, detalhes cruciais ainda não foram revelados. Isso inclui como será a administração pós-guerra na Faixa de Gaza e o destino do Hamas.
Não há uma indicação clara de quem governará Gaza quando a guerra terminar. Netanyahu, Trump, países ocidentais e árabes descartaram um papel para o Hamas, que governa Gaza desde que expulsou os rivais palestinos em 2007.
O plano original de Trump prevê um papel para a Autoridade Palestina, mas somente depois que ela passar por grandes reformas.
O que acontece agora
O Hamas deve libertar os 20 reféns vivos juntos neste fim de semana. Uma autoridade israelense disse que os reféns podem ser libertados no domingo (12).
Fontes palestinas disseram que os corpos dos reféns mortos seriam liberados gradualmente à medida que o exército israelense se retirasse. Gal Hirsch, coordenador de reféns de Israel, disse que uma força internacional seria criada para ajudar a encontrar reféns mortos que o Hamas não consiga localizar.
Espera-se que Israel liberte cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo mais de 200 que cumprem penas de prisão perpétua, disseram fontes palestinas. O Hamas disse na quarta-feira (8) que entregou listas de reféns mantidos e dos prisioneiros palestinos que queria libertar e trocar.
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Ajuda humanitária e "Conselho da Paz"
Segundo o plano de Trump, a ajuda humanitária que entra em Gaza deve aumentar. A autoridade israelense disse que 600 caminhões por dia começarão a entrar em Gaza em breve. Duas fontes palestinas disseram que o número seria de no mínimo 400 caminhões por dia e aumentaria gradualmente.
A próxima fase do acordo prevê a criação de um organismo internacional, o "Conselho da Paz", para desempenhar um papel na administração pós-guerra de Gaza. Segundo o plano, o órgão seria liderado por Trump e incluiria o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.