Ex-assessor de Trump se declara inocente de acusações de manuseio indevido de informações confidenciais
John Bolton é o terceiro de críticos proeminentes do presidente dos EUA a enfrentar processo nas últimas semanas
Reuters
John Bolton, o falcão da segurança nacional e ex-assessor de Donald Trump que se tornou um dos maiores críticos do presidente dos Estados Unidos, se declarou inocente nesta sexta-feira (17) das acusações de manuseio indevido de informações confidenciais.
Bolton, que foi indiciado nessa quinta (16), é o terceiro de críticos proeminentes de Trump a enfrentar processo nas últimas semanas, enquanto o presidente dos EUA dispensa normas de décadas destinadas a isolar a aplicação da lei federal de pressões políticas.
Bolton, vestindo um terno azul escuro e gravata marrom, não falou com os repórteres quando chegou ao tribunal em Greenbelt, Maryland, para se apresentar à Justiça.
"Inocente, meritíssimo", disse Bolton, 76 anos, no tribunal. Ele foi liberado mediante compromisso pessoal e uma audiência sobre o caso está marcada para 21 de novembro.
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De acordo com o indiciamento, Bolton compartilhou informações confidenciais com dois de seus parentes para possível uso em um livro que ele estava escrevendo, incluindo anotações sobre briefings de inteligência e reuniões com autoridades graduadas do governo e líderes estrangeiros.
O advogado de Bolton, Abbe Lowell, afirmou que o ex-assessor não compartilhou ou armazenou ilegalmente nenhuma informação.
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Acusações contra supostos adversários
Trump, um republicano que fez campanha para a presidência com promessa de retaliação depois de enfrentar uma série de problemas legais quando seu primeiro mandato na Casa Branca terminou em 2021, tem agido ativamente com sua procuradora-geral, Pam Bondi, para apresentar acusações contra quem ele considera adversário.
Isso incluiu pressionar o Departamento de Justiça de Bondi a apresentar acusações contra o ex-diretor do FBI James Comey e a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, até mesmo afastando um promotor que ele considerava estar se movendo muito lentamente para fazer isso.
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Bolton atuou como assessor de Segurança Nacional da Casa Branca durante o primeiro mandato de Trump, antes de se tornar um dos críticos mais veementes do presidente. Bolton, também ex-embaixador dos EUA nas Nações Unidas (ONU), descreveu Trump como incapaz para ser presidente em um livro de memórias que lançou no ano passado.
A investigação sobre Bolton foi aberta em 2022, antes do governo Trump. Dentro do Departamento de Justiça, o caso é visto como mais forte do que os processos contra Comey e James, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.
O indiciamento de Bolton, apresentado em um tribunal federal em Maryland, imputa a ele oito acusações de transmissão de informações de defesa nacional e 10 acusações de retenção de informações de defesa nacional, todas em violação da Lei de Espionagem.
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Cada acusação é passível de punição de até 10 anos de prisão, mas qualquer sentença seria determinada por um juiz com base em uma série de fatores.
Em algumas das conversas descritas no indiciamento, Bolton e seus parentes – que não foram identificados – discutiram o uso de parte do material para um livro. Bolton se referiu às duas pessoas com quem compartilhava suas anotações diárias como seus "editores", segundo o indiciamento.
"Conversando com (a editora) porque eles têm o direito de preferência!", Bolton escreveu em uma mensagem, de acordo com o indiciamento.
Os dois parentes mencionados no indiciamento são a esposa e a filha de Bolton, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto.
Perguntado por repórteres na Casa Branca sobre o indiciamento de Bolton na quinta, Trump disse: "Ele é um cara mau".
(Por Sarah N. Lynch e Jack Queen)