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Autoridade de segurança da Ucrânia nega ter aceitado termos de plano de paz de Trump

Proposta dos EUA endossa principais demandas da Rússia, como Kiev abrindo mão de mais território e redução do tamanho das Forças Armadas ucranianas

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Ataque russo a prédios na cidade ucraniana de Ternopil | 21/11/2025/Reuters/Thomas Peter
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A principal autoridade de segurança do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou nesta sexta-feira (21) que tenha concordado com o esboço de um plano de paz do governo Trump, depois que autoridades norte-americanas disseram que ele havia aceitado a maioria de seus termos.

Washington apresentou a Kiev um plano de 28 pontos que endossaria muitas das principais demandas da Rússia, exigindo que Kiev abra mão de mais território, reduza o tamanho de suas Forças Armadas e abandone para sempre a esperança de se juntar à aliança ocidental da Otan.

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Autoridades norte-americanas disseram que o plano foi elaborado após consultas com Rustem Umerov, secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, que foi ministro da Defesa até julho e é um aliado próximo do presidente Zelensky.

"Este plano foi elaborado imediatamente após discussões com um dos membros mais graduados da administração do presidente Zelenskiy, Rustem Umerov, que concordou com a maior parte do plano, depois de fazer várias modificações, e o apresentou ao presidente Zelenskiy", afirmou uma autoridade sênior dos EUA nessa quinta (20).

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Mas Umerov disse nesta sexta que não havia discutido os termos do plano, muito menos os aprovado.

"Durante minha visita aos Estados Unidos, meu papel foi técnico – organizar reuniões e preparar o diálogo. Não fiz nenhuma avaliação ou, muito menos, aprovação de nenhum ponto. Isso não está dentro de minha autoridade e não corresponde ao procedimento", escreveu ele no Telegram.

Zelensky, que se reuniu com uma delegação do Exército norte-americano nessa quinta, reconheceu ter recebido o plano, mas não comentou diretamente sobre seu conteúdo.

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"Nossas equipes – Ucrânia e EUA – trabalharão nos pontos do plano para acabar com a guerra", escreveu o presidente durante a noite no Telegram. "Estamos prontos para um trabalho construtivo, honesto e rápido."

O Kremlin, que até agora tem sido cauteloso em público, disse que ainda não havia sido informado de que Kiev estava preparada para negociar o plano.

Plano

O plano, cuja cópia foi analisada pela Reuters, inclui termos que as autoridades ucranianas já haviam descartado anteriormente como equivalentes à rendição, depois que seus soldados se defenderam de uma invasão russa em grande escala por quase quatro anos a um custo enorme.

Isso exigiria que a Ucrânia se retirasse do território que ainda controla nas províncias do leste que a Rússia alega ter anexado, enquanto a Rússia abriria mão de quantidades menores de terras que capturou em outras regiões.

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A Ucrânia seria permanentemente impedida de participar da Otan, e suas Forças Armadas seriam limitadas a 600.000 soldados. A Otan concordaria em nunca enviar tropas para lá.

Sanções contra a Rússia seriam gradualmente suspensas, Moscou seria convidada a voltar ao grupo G8 de países industrializados e os ativos russos congelados seriam reunidos em um fundo de investimento, com Washington recebendo parte dos lucros.

No entanto, embora o plano descreva muitos dos elementos há muito buscados pela Rússia em detalhes consideráveis, ele também aborda alguns dos principais objetivos da Ucrânia, embora principalmente em termos mais vagos.

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Uma das principais demandas da Ucrânia, por garantias de segurança executáveis equivalentes à cláusula de defesa mútua da aliança da Otan para impedir que a Rússia ataque novamente, é tratada em uma única linha, sem detalhes: "A Ucrânia receberá garantias robustas de segurança".

Países europeus, que agora estão financiando sozinhos a defesa da Ucrânia depois que o presidente Donald Trump cancelou o apoio financeiro dos Estados Unidos, foram excluídos da elaboração do plano. Espera-se que uma delegação norte-americana em Kiev informe as embaixadas europeias sobre seu conteúdo ainda na sexta-feira.

"Quanto ao plano de paz que entendemos ter sido apresentado ao presidente Zelensky, sempre dissemos que, para que qualquer plano funcione, ele precisa ter a Ucrânia e os europeus a bordo", declarou a chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, em Bruxelas.

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