"Acordo com Mercosul é inaceitável", diz Emmanuel Macron
Presença de presidente da Comissão Europeia em cúpula do Mercosul, no Uruguai, aumentou rumores de que acordo — contestado pela França — pode ser finalizado
SBT News
O presidente da França, Emmanuel Macron, voltou a criticar o acordo União Europeia-Mercosul em meio a rumores de que o pacto pode ser finalizado nos próximos dias. As especulações ganharam força com a viagem da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Uruguai, para participar da cúpula de líderes do bloco econômico nos dias 6 e 7 de dezembro.
Segundo o governo francês, Macron teria informado von der Leyen que o acordo "é inaceitável em seu estado atual". "Continuaremos defendendo incansavelmente nossa soberania agrícola", acrescentou a presidência francesa em uma mensagem publicada na rede social X.
Nesta quinta-feira (5), ao desembarcar em Montevidéu, von der Leyen disse que "a linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista".
“Temos a oportunidade de criar um mercado de 700 milhões de pessoas. A maior parceria comercial e de investimentos que o mundo já viu. Ambas as regiões sairão ganhando.”, afirmou no X.
O acordo, que vem sendo negociado há 25 anos, enfrenta resistência da França, enquanto Berlim intensifica a pressão para que seja concluído. Juntos, os dois blocos irão formar uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, reunindo cerca de 780 milhões de consumidores — correspondendo a quase 10% da população mundial — e um Produto Interno Bruto (PIB) que ultrapassa US$ 19 trilhões — equivalente a 25% da economia global.
O presidente francês e os agricultores franceses têm sido o principal obstáculo para o avanço do acordo. Eles alegam que a eliminação de grande parte das tarifas entre as duas regiões vai "inundar" os mercados europeus com carne do bloco sul-americano, gerando uma concorrência desleal.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia dado indicações de que o acordo estava próximo de ser fechado. Ele também rechaçou a resistência da França em assinar o documento, dizendo que a procuração em relação ao tema estava sob tutela da presidente da Comissão Europeia.
“Vamos fazer o acordo do Mercosul nem tanto pela questão do dinheiro. Vamos fazer porque eu estou há 22 anos nisso e nós vamos fazer. Se os franceses não quiserem o acordo [Mercosul-UE], eles não apitam mais nada, quem apita é a Comissão Europeia. E a Ursula von der Leyen tem procuração para fazer o acordo, e pretendo assinar esse acordo este ano ainda. Tirar isso da minha pauta”, disse o presidente.
Caso ambos os lados assinem o acordo, ele ainda terá de ser aprovado pelos Legislativos dos países do Mercosul e pelo Conselho e Parlamento Europeu.