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A guerra em Gaza vai acabar? Entenda o que acontece agora com acordo entre Israel e Hamas

Primeira fase do acordo prevê retirada parcial de tropas de Gaza e libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos

Imagem da noticia A guerra em Gaza vai acabar? Entenda o que acontece agora com acordo entre Israel e Hamas
Explosão na Faixa de Gaza: guerra completou dois anos em 7 de outubro | Reuters/Ronen Zvulun
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Após dois anos de guerra em Gaza, Israel e Hamas anunciaram nessa quarta-feira (8) um acordo de cessar-fogo, considerado a primeira fase de um plano de paz mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O pacto prevê a retirada gradual das tropas israelenses, a libertação dos reféns em poder do Hamas e a troca por prisioneiros palestinos detidos por Israel.

O anúncio foi recebido com comemoração tanto em Tel Aviv quanto na Faixa de Gaza, embora os bombardeios ainda não tenham cessado completamente. Em Gaza, ataques foram registrados durante a madrugada, embora não tenha relatos de vítimas.

Segundo o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o cessar-fogo entra em vigor após a votação formal pelo governo israelense, prevista para esta quinta (9).

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O que diz o acordo?

De acordo com fontes próximas às negociações, o documento assinado em Sharm el-Sheikh, no Egito, marca o início de uma série de etapas com o objetivo final de encerrar a guerra. A primeira fase prevê:

  • Retirada parcial das tropas israelenses: que deve começar em até 24 horas após a assinatura. Tropas israelenses que estão na Faixa de Gaza devem recuar de suas posições;
  • Hamas deve libertar reféns israelenses: todos devem ser libertados, vivos ou mortos, até segunda (13), segundo Trump. Israel acredita que, dos 48 reféns, apenas 20 estejam vivos. A proposta dá até 72 horas para isso, mas, de acordo com a imprensa norte-americana, o Hamas teria pedido mais tempo para devolver os corpos das vítimas que morreram, alegando que não sabe onde estão dois corpos;
  • Em troca, Israel libertará prisioneiros: detidos palestinos devem ser liberados;
  • Ajuda a palestinos: Israel permitirá a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza, onde mais de 2 milhões de pessoas foram deslocadas desde o início do conflito.

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Apesar do anúncio, não se sabe se todo o plano apresentado pela Casa Branca, que inclui 20 pontos, foi aceito por ambos os lados. O acordo conta com garantias internacionais de países como Catar, Egito e Turquia, que atuaram como mediadores, e prevê monitoramento contínuo das etapas de implementação.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que este é um "grande dia para o mundo árabe, para Israel e para a humanidade", e agradeceu aos países mediadores. Netanyahu declarou: "Com a ajuda de Deus, traremos todos para casa". Já o presidente israelense, Isaac Herzog, chegou a dizer que Trump "merece o Prêmio Nobel da Paz".

Em Tel Aviv, famílias de reféns comemoraram emocionadas na chamada Praça dos Reféns, onde aguardavam notícias havia 733 dias.

A guerra vai acabar?

Apesar do otimismo, ainda é cedo para falar em paz definitiva, já que Israel e Hamas, até o momento, anunciaram concordância apenas com a primeira fase do plano de Trump para Gaza, de acordo com analistas.

À Reuters, Ahmed Fouad Alkhatib, diretor do Realign for Palestine, disse acreditar que o Hamas está calculando como a libertação dos reféns tornará difícil para Israel justificar a retomada do conflito em uma fase futura.

Além disso, segundo ele, a necessidade de abordar questões humanitárias em Gaza, incluindo o colapso da infraestrutura de saúde e o sistema educacional interrompido, também parece pendente nas próximas etapas do acordo de paz.

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O Hamas, em comunicado divulgado em seu canal oficial no Telegram, reconheceu o acordo, mas pediu que os Estados Unidos e os países garantidores "obriguem Israel a cumprir integralmente os termos", incluindo a retirada total das tropas e o fim do bloqueio ao território.

Em Gaza, o Ministério da Saúde informou que nove palestinos morreram nas últimas 24 horas, em ataques atribuídos às Forças de Defesa de Israel (IDF). O Exército israelense, por sua vez, afirmou no X (antigo Twitter) que permanece em estado de prontidão "para qualquer cenário" até que todos os reféns sejam devolvidos e, as etapas do acordo, concluídas.

O que acontece agora?

Com o cessar-fogo em vigor, a expectativa é de que Trump viaje ao Egito neste fim de semana para acompanhar o início da implementação e as próximas fases do plano de paz proposto em setembro. Questionado pela TV Al Arabiya sobre essa visita incluir uma passagem por Gaza, ele respondeu: "Eu iria. Pode ser que eu faça isso".

Entre os próximos passos estão a retirada completa das forças israelenses de Gaza, a reconstrução do território, o reassentamento de civis deslocados e a abertura de negociações políticas diretas entre as partes, sob supervisão internacional.

O acordo inicial também prevê que integrantes do Hamas podem receber anistia, desde que entreguem suas armas. Eles também não poderão participar do governo de Gaza.

A administração do enclave ficaria, inicialmente, a cargo de um comitê palestino tecnocrático e apolítico, responsável por administrar os serviços do dia a dia. No futuro, o poder seria transferido para a Autoridade Palestina, reconhecida internacionalmente como governo dos territórios palestinos.

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