Temos prendido muito e prendido mal, diz Gilmar Mendes
Ao SBT, decano do STF afirma buscar conter assimetria social com julgamento sobre drogas: "Não se trata de permitir o uso para recreação"
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse haver ruídos entre os poderes Judiciário e Legislativo na discussão acerca da descriminalização do porte e da posse de pequenas quantidades de maconha. Defendeu, em entrevista exclusiva ao programa 10 Perguntas, do SBT News, o seu posicionamento.
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"O nosso ponto é uma distinção entre traficante e usuário. E temos uma brutal assimetria social. Se alguém é pego com pequena quantidade de drogas no Plano Piloto, provavelmente será enquadrado como usuário. Se for na Ceilândia, será levado para a Papuda como traficante", declarou.
Para o decano, a Justiça brasileira prende muitas pessoas de forma assimétrica. "Temos dito que às vezes temos prendido muito e prendido mal. Ao levarmos jovem desempregado e negro para a Papuda, estamos oferecendo mão de obra para o crime", declarou.
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Questionado se a decisão do STF deve prevalecer em relação ao Plenário do Congresso, Mendes disse que prefere aguardar o desenvolvimento da votação pelos parlamentares.
"Estamos propondo tratar a questão do usuário como uma infração administrativa e darmos chance de tratamento. Não se trata de permitir uso de drogas para recreação. Esse debate segue modernas democracias mundo afora", disse.
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10 Perguntas
O ministro Gilmar Mendes é o 17º entrevistado do 10 Perguntas, programa do SBT News que convida os principais nomes dos Três Poderes em um formato inovador e dinâmico.
O videocast, veiculado no canal SBT News no YouTube e na TV aberta, aborda diversos temas em 10 rápidas perguntas.
A ideia é dar espaço para mostrar o lado mais íntimo de quem está no centro do poder em Brasília com linguagem direta e objetiva, num bate-papo com o jornalista Murilo Fagundes.
As entrevistas acontecem em locais que se relacionam às histórias dos entrevistados. A conversa será feita em movimento, de forma natural e sem cortes.
O objetivo é permitir ao convidado mostrar aos espectadores um outro lado de sua atuação como tomador de decisão.