Lessa e Élcio terão que pagar R$ 3,5 milhões em indenizações a famílias de Marielle e Anderson
Decisão foi tomada pelo Tribunal do Júri do Rio; condenados também deverão arcar com custos dos processos
Camila Stucaluc
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foram condenados, respectivamente, a 78 anos e 59 anos de prisão. Na sentença, o 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro ainda determinou o pagamento de R$ 3,5 milhões em indenização por dano moral aos familiares das vítimas.
Lessa e Queiroz deverão desembolsar, juntos, R$ 706 mil para o filho de Anderson, Arthur; a viúva de Anderson, Ághata Arnaus; a filha de Marielle, Luyara Franco; a viúva de Marielle, Mônica Benício e a mãe de Marielle, Marinete Franco. Ambos também terão que pagar uma pensão a Arthur, até que ele complete 24 anos, e os custos dos processos.
A sentença foi anunciada na noite de quinta-feira (31), depois de dois dias de julgamento. Foram ouvidos depoimentos de testemunhas da defesa e da acusação, assim como dos réus, que participaram da sessão via videoconferência dos presídios onde estão presos preventivamente. A decisão foi tomada pelo júri, composto por sete homens.
Apesar da sentença trazer um alívio para os familiares, que esperavam por Justiça há seis anos, as penas dos condenados impostas pela Justiça devem diminuir devido aos acordos de delação premiada. O pacto foi fundamental para elucidar o caso.
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No acordo, ficou determinado que Lessa cumpra até 18 anos de prisão em regime fechado, seguido por mais 2 anos em regime semiaberto, e que Queiroz cumpra até 12 anos de prisão em regime fechado. Os prazos, contudo, começam a contar a partir da data em que ambos foram presos, em março de 2019 – um ano após o crime. Isso significa que 5 anos e 7 meses já serão descontados das penas máximas.
“Não acaba aqui”
A ministra Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco, comemorou a condenação dos réus, dizendo que saiu do tribunal com um sentimento de “justiça”. Ela ressaltou que, agora, espera a condenação dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e do ex-delegado Rivaldo Barbosa, apontados por Lessa como mandantes dos assassinatos.
"A gente sabia que tinha que lutar e batalhar por Justiça e hoje a gente sai daqui com esse sentimento. A gente sabe que não acaba aqui, ainda tem uma parte, saber quem pensou, quem mandou, quem pagou por esse crime", disse Anielle.