Justiça de Minas Gerais torna réus por fraude 5 sócios e administradores da 123 Milhas
Eles também vão responder por lavagem de dinheiro; todos os denunciados são da mesma família
Matheus Valêncio
A Justiça de Minas Gerais tornou réus cinco sócios e administradores da 123 Milhas, após quase um ano e meio da suspensão de milhares de pacotes promocionais de viagem.
Foram denunciados os irmãos e donos da empresa, Ramiro e Augusto Julio Soares Madureira, o pai deles, José Augusto Madureira, além de Cristiane Soares Madureira do Nascimento e Tânia Silva Santos Madureira; todos da mesma família. Eles vão responder por lavagem de dinheiro, fraude e crimes contra o consumidor.
Para o advogado Gabriel de Britto Silva, que atua no processo criminal, a Justiça vê má-fé na conduta dos envolvidos. "Boa parte do faturamento é das empresas do grupo 123 Milhas. [Eles] eram destinados a sociedades empresárias criadas artificialmente pelos sócios para seguidamente tais valores ingressarem no patrimônio pessoal dos réus, dos denunciados. E o segundo grande ponto refere-se ao fato de que, em junho de 2022, os denunciados já teriam inviabilidade econômica completa quanto à linha promo, né? Então, eles mesmo cientes disso, permaneceram o processo de venda e publicidade ostensiva aos consumidores, com finalidade de arrecadar", argumenta o advogado.
Na última quinta-feira (26), a 123 Milhas encaminhou aos 800 mil credores o plano de recuperação judicial. Os ex-empregados receberiam primeiro, em 12 parcelas mensais.
Os clientes são a maioria dos credores e há opções de pagamento, mas somente uma prevê ressarcimento do valor total. Para isso, o consumidor tem que aceitar receber em 12 parcelas semestrais, que só começarão a ser pagas 6 anos e meio após a homologação do plano. Essa opção prevê ainda cashback para quem comprar novos produtos da 123 Milhas.
Para ser efetivado, o plano precisa ser votado e aceito em assembleia de credores, que ainda não tem data marcada para acontecer.
Em nota, o grupo 123 Milhas nega que tenha praticado qualquer crime contra clientes, parceiros ou fornecedores.