Gilmar Mendes diz que atentado em Brasília não foi “fato isolado" e culpa governo Bolsonaro
Ministro relembrou outros ataques feitos contra instituições de Estado e a democracia nos últimos anos
Camila Stucaluc
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o atentado em Brasília da última quarta-feira (13), na Praça dos Três Poderes, não foi um fato isolado. Segundo ele, nos últimos anos, houve diversos atos contra as instituições de Estado e a democracia, influenciados, sobretudo, pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
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Mendes relembrou os disparos de fogos de artifício contra o STF, ainda em 2020, o acampamento no Quartel General do Exército em Brasília, manifestações pedindo intervenção militar, a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal e a bomba plantada num caminhão em direção ao aeroporto de Brasília, em dezembro de 2023.
Todos os atos, ressaltou o ministro, foram causados pelo discurso de ódio, incentivado pelo governo anterior ao do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Muito embora o extremismo e a intolerância tenham atingido o paroxismo em 8 de janeiro de 2023, a ideologia rasteira que inspirou a tentativa de golpe de Estado não surgiu subitamente. O discurso de ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação foram largamente estimulados pelo governo anterior”, disse Mendes.
Na sua avaliação, revisitar os fatos que antecederam o ataque de quarta-feira é pressuposto para um debate sobre a defesa das instituições, bem como sobre a regulação das redes sociais e eventuais propostas de anistiar criminosos.
O ataque
As explosões foram registradas na noite de quarta-feira. Por volta das 19h30, um carro explodiu no estacionamento que fica entre o STF e o anexo 4 da Câmara dos Deputados. Depois, uma segunda explosão foi ouvida na frente do STF.
Ministros e funcionários deixaram o prédio do STF rapidamente depois das explosões. Na Câmara, a sessão foi encerrada após pedidos de congressistas. Membros do Exército e do Batalhão da Guarda Presidencial reforçaram a segurança dos palácios do Planalto e da Alvorada. A Companhia de Choque do Exército também foi acionada.
Segundo a Polícia Civil, um homem, identificado como Francisco Wanderley Luiz, morreu na segunda explosão. Ele, que foi candidato a vereador em Rio Sul (SC) pelo PL, é apontado como o principal suspeito, já que o veículo que explodiu estava em seu nome. Na casa dele, também foram encontrados outros artefatos explosivos pela polícia.
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A ex-mulher de Francisco, identificada como Daiana, revelou à Polícia Federal que o plano do ex-marido era assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Questionada se o plano deu errado, Daiane conclui que Francisco tirou a própria vida porque "descobriram o que ele ia fazer e ele foi obrigado a se matar".