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STF abre 100 ações penais e torna réus os primeiros golpistas do 8/1

Bolsonaristas respondem a processos e podem ter penas de mais de 20 anos de prisão

STF abre 100 ações penais e torna réus os primeiros golpistas do 8/1
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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu tornar réus os 100 primeiros golpistas do 8 de janeiro. Com o fim da sessão virtual para análise do pacote de denúncias do Ministério Público Federal (MPF) à meia-noite desta 2ª feira (24.abr), bolsonaristas presos nos atos criminosos de invasão e depredação dos prédios sedes dos Três Poderes, em Brasília, passam a responder agora criminalmente na Justiça e podem ser condenados a penas que passam dos 20 anos de prisão, em regime fechado.

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A maioria dos ministros do STF decidiu abrir os processos penais, com base nas apurações preliminares da Polícia Federal (PF) e nas denúncias apresentadas pela Procuradoria Geral da República (PGR).

Os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques, ambos indicados ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apresentaram suas decisões nas últimas horas. A sessão virtual de análise do primeiro pacote de 100 acusações se encerrou às 24h, desta 2ª feira (24.abr).

Mendonça seguiu o voto de Moraes, com ressalva. Para ele, no pacote de acusações contra os executores dos ataques, há mais elementos que as feitas contra incitadores e autores intelectuais, e os casos devem ser julgados pela Justiça do Distrito Federal, na primeira instância, e não do STF.

Kassio Nunes votou contra a abertura das ações contra os 50 acusados de serem incitadores e autores intelectuais e ainda pela incompetência dos STF para o caso. No outro inquérito, contra os executores, ele aponta a incompetência da Corte e acolheu parte dos pedidos.

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Presos no 8/1 são os primeiros réus do STF | Reprodução

O placar, no entanto, foi definido ainda na 4ª feira (19.abr), quando foi formada maioria dos ministros para o aceite das 100 acusações formais do MPF.

O ministro relator dos processo, Alexandre de Moraes, foi o primeiro a apresentar o voto, no dia 18 de abril, pela abertura dos processos penais. Outros sete ministros, Dias Toffoli, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Rosa Weber (presidente da Corte), votaram ao longo da semana, seguindo o entendimento do relator.

Mega processo

As ações penais inaugurais contra os golpistas do 8/1 abre uma nova fase das investigações e responsabilização dos envolvidos. Sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, será o maior maxi-processo da história do STF.

Sob coordenação do subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, os membros do MPF têm atravessado noites e finais de semana para reunir e analisar provas, individualizar a conduta de cada golpista e buscar os crimes correspondentes na legislação brasileira par pedir suas condenações.

O Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos do MPF atua desde 10 de janeiro nos materiais de provas e acusações contra os golpistas. Ao todo serão apresentadas 1.390 denúncias criminais ao STF, nos inquéritos sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

presos

Dos 2.151 presos em flagrante em Brasília, a maior parte estava no acampamento na frente do quartel-general do Exército, em Brasília, e 222 foram detidos na Praça dos Três Poderes, no dia das invasões.

Desse total, 745 deles (idosos, pessoas com comorbidades e mulheres com filhos menores de 12 anos) foram soltos na sequência, após a identificação e o fichamento de todos.

Golpistas do 8/1 em números:

  • 1,4 mil presos em flagrante nos dias 8 e 9 de janeiro
  • 263 tiveram as prisões em flagrante convertidas em prisão preventiva
  • 31 foram presos nas fases da Operação Lesa Pátria

Dos 1.406 pessoas que ficaram presos, a maioria teve as prisões convertidas em outras medidas cautelares. Ficaram presos preventivamente 263 golpistas, por ordem de Moraes (181 homens e 82 mulheres).

Com as investigações na Polícia Federal (PF), na Operação Lesa Pátria, contra os golpistas, 31 outros alvos foram presos entre fevereiro e abril, elevando para 294 o total de detidos atualmente. São eles os alvos das primeiras denúncias criminais do MPF levadas à análise no STF, nesses primeiros dois pacotes.

Executores e autores intelectuais

As denúncias que o MPF apresentou ao STF são a formalização das acusações contra os investigados. Nelas, são pedidas à Justiça as condenações, mediante apresentação das provas dos crimes cometidos e os correspondentes artigos em que eles se enquadram, dentro do Código Penal brasileiro - definindo-se assim, penas pretendidas pela acusação e que serão julgadas pelo juízo.

Os primeiros réus são dos núcleos de executores dos ataques ao Palácio do Planalto, ao Congresso e STF e de incitadores e autores intelectuais. São 50 acusados de cada núcleo.

As penas desses primeiros processos chegam a ultrapassar os 20 anos de prisão, em regime fechado, segundo a PGR. Para conseguir a punição, a equipe do MPF tem agora que reunir provas acima de qualquer suspeita que mostrem ao juízo que eles cometeram os crimes, nas circunstâncias apresentadas nas acusações.

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Trecho de uma das denúncias do MPF contra golpistas | Reprodução

A PGR decidiu fatiar as apurações em quatro frentes por núcleos de investigados. Uma estratégia jurídica adotada pela equipe para agilizar os andamentos e possibilitar o enquadramento jurídico dos acusados.  

Núcleos de acusados no 8/1, alvos do MPF:

  • Golpistas executores
  • Golpistas financiadores
  • Golpistas incitadores e autores intelectuais
  • Golpistas autoridades omissas

"Resolvemos separar a investigação dos crimes dos seguintes pontos: contra os executores, contra os financiadores, contra os instigadores e contra autoridades que tenham praticado eventualmente omissão imprópria", explicou o subprocurador-geral da República Carlos Frederico.

Nas acusações, o MPF explica que como os crimes foram cometidos por uma multidão, um crime multitudinário, no termo técnico, por isso, a divisão das quatro frentes, para facilitar o processamento. 

O MPF sustenta nas acusações que "o ataque às sedes dos Três Poderes tinha por objetivo final a instalação de um regime de governo alternativo, produto da abolição do Estado Democrático de Direito". 

"Os autores pretendiam impedir de forma contínua o exercício dos Poderes Constitucionais, o que implicaria a prática reiterada de delitos até que se pudesse consolidar o regime de exceção pretendido pela massa antidemocrática", denúncia do MPF contra golpistas.

Contra os executores, o MPF imputou cinco crimes: associação criminosa armada; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça com emprego de substância inflamável contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

Contra os incitadores e autores intelectuais, o MPF imputou 2 crimes: incitação ao crime e associação criminosa armada.

Inquéritos

Antes da denúncia, existe o inquérito, em que são levantadas as provas, analisados os indícios de crimes. Os primeiros inquéritos abertos a pedido do MPF são do dia 10 de janeiro, a partir dos outros inquéritos já abertos contra os atos antidemocráticos ligados aos apoiadores de Bolsonaro. 

O pacote de 100 acusações está vinculado a dois inquéritos abertos pela PF, no âmbito do STF: o Inquérito 4921 (contra os incitadores e autores intelectuais) e o Inquérito 4922 (contra os executores).

provas

Além de medidas cautelares para preservar provas decretadas pelo relator naquela noite de 8 de janeiro, diligências, como buscas das imagens dos vídeos de segurança dos prédios, dados de geolocalização dos envolvidos, bloqueios de veículos, entre outros, foram e estão sendo reunidos e analisados.

Além do MPF, a PF e a AGU têm buscado o congelamento e o levantamento de provas para as diversas ações em curso.

Alguns tipos de provas levantadas:

  • Vídeos produzidos por golpistas: em redes sociais ou armazenados
  • Postagens em redes sociais da internet
  • Imagens dos sistemas de segurança, das sedes dos Três Poderes e do DF
  • Imagens das câmeras dos policiais
  • Imagens dos drones
  • Quebra de sigilos telemático e telefônico
  • Reconhecimento facial
  • DNA
  • Digitais

Com a abertura das ações penais, novas provas serão requisitadas, tanto pelo MPF, como pela defesa dos réus, como pelo juízo. Cada parte também poderá apresentar suas testemunhas a serem ouvidas, eles serão interrogados, antes da apresentação final dos memoriais da acusação e da defesa, antes do relator julgar.

"O Ministério Público Federal fundamentou devidamente todas as denúncias e as condutas dos investigados. Individualizamos as condutadas e já requeremos, nas cotas apresentadas, as diligências que necessitamos para a devida instrução criminal das ações para que possam ser proferidas as sentenças e que ocorram as condenações esperadas", afirmou Carlos Frederico.

Novo pacote

Com o fim da sessão virtual que transformou as 100 primeiras denúncias em ações penais, foi aberta o segundo plenário virtual para analisar mais 200 novas denúncias criminais, do MPF contra os golpistas, à 0h desta 3ª feira (25.abr). O novo julgamento vai até o dia 2 de maio.

Segundo a PGR, a "expectativa é que a análise em bloco seja mantida até que a Suprema Corte aprecie as mais de 1,3 mil petições apresentadas".

Veja os nomes dos réus do núcleo incitadores e autores intelectuais (Inq. 4921):

  1. Ademir da Silva
  2. Edson Medeiros de Aguiar
  3. Carlo Adriano Caponi
  4. Daywydy da Silva Firmino
  5. Fátima de Jesus Prearo Correa
  6. Gleisson Cloves Volff
  7. Horacir Gonsalves Muller
  8. Marco Tulio Rios Carvalho
  9. Marcos Soares Moreira
  10. Maria Jucelia Borges
  11. Mateus Viana Maia
  12. Mauricio Maruiti
  13. Sheila Mantovanni
  14. Tatiane da Silva Marques
  15. Thiago Queiroz
  16. Vera Lucia de Oliveira
  17. Viviane Martimiani Nogueira
  18. Yuri Luan dos Reis
  19. Ademilson Gontijo Ferreira
  20. Agustavo Gontijo Ferreira
  21. Airton Dorlei Scherer
  22. Alex Sandro dos Anjos Augusto
  23. Alexander Diego Kohler Ribeiro
  24. Alfredo Antonio Dieter
  25. Alisson Adan Augusto Morbeck
  26. Ana Maria Ramos Lubase
  27. Anderson Zambiasi
  28. Andrea Baptista
  29. Andrea Maria Maciel Rocha e Machado
  30. Anilton da Silva Santos
  31. Antonio Cesar Pereira Junior
  32. Antonio Fidelis da Silva Filho
  33. Belchior Alves dos Reis
  34. Bruno Ribeiro dos Santos Maia
  35. Calone Natalia Guimarães Malinski
  36. Carlos Alberto Hortsmann
  37. Carlos Alexandre Oliveira
  38. Carlos Emilio Younes
  39. Cezar Carlos Fernandes da Silva
  40. Cristiano Roberto Batista
  41. Daiane Machado de Vargas Rodrigues
  42. Davi Alves Torres
  43. Deise Luiza de Souza
  44. Denise Dias da Silva
  45. Deusamar Costa
  46. Diego Haas
  47. Diogo Deniz Feix
  48. Dyego dos Santos Silva
  49. Edlene Roza Meira
  50. Edson Gonçalves de Oliveira

Veja os nomes dos réus do núcleo executores (Inquérito 4922):

  1. Aécio Lúcio Costa Pereira
  2. Alessandra Faria Rondon
  3. Aletrea Verusca Soares
  4. Alexandre Machado Nunes
  5. Ana Carolina Isique Guardieri Brendolan
  6. Ana Cláudia Rodrigues de Assunção
  7. Ana Flavia de Souza Monteiro Rosa
  8. Ana Paula Neubaner Rodrigues
  9. André Luiz Barreto Rocha
  10. Angelo Sotero Lima
  11. Antonio Carlos de Oliveira
  12. Antonio Marcos Ferreira Costa
  13. Barquet Miguel Junior
  14. Bruno Guerra Pedron
  15. Carlos Eduardo Bom Caetano da Silva
  16. Carlos Rubens da Costa
  17. Charles Rodrigues dos Santos
  18. Cibele da Piedade Ribeiro da Costa Mateos
  19. Cirne Rene Vetter
  20. Claudia de Mendonça Barros
  21. Claudio Augusto Felippe
  22. Clayton Costa Candido Nunes
  23. Cleodon Oliveira Costa
  24. Cleriston Oliveira da Cunha
  25. David Michel Mendes Mauricio
  26. Davis Baek
  27. Diego Eduardo de Assis Medina
  28. Dirce Rogério
  29. Djalma Salvino dos Reis
  30. Douglas Ramos de Souza
  31. Eder Parecido Jacinto
  32. Edilson Pereira da Silva
  33. Eduardo Zeferino Englert
  34. Edvagner Bega
  35. Elisangela Cristina Alves de Oliveira
  36. Eric Prates Kabayashi
  37. Ezequiel Ferreira Luis
  38. Fabiano André da Silva
  39. Fabio Jatchuk Bullmann.
  40. Fabricio de Moura Gomes
  41. Fatima Aparecida Pleti
  42. Felicio Manoel Araujo
  43. Felipe Feres Nassau
  44. Fernando Kevin da Silva de Oliveira
  45. Fernando Placido Feitosa
  46. Francisca Hildete Ferreira
  47. Frederico Rosario Fusco Pessoa de Oliveira
  48. Geissimara Alves de Deus
  49. Gelson Antunes da Silva
  50. Gesnando Moura da Rocha

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