"Lula pode caminhar por águas mais pacíficas", diz João Doria
Ele também avaliou que Haddad foi "conservador" em arcabouço fiscal
SBT News
Apesar de não estar mais ligado à política, o ex-governador de São Paulo, João Doria, acompanha com atenção as decisões do Governo Federal e as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e manifesta preocupação. Nesta 4ª feira (5.abr), o empresário sugeriu que o petista adote uma postura mais conciliadora para ajudar o país.
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"Eu diria que ele [Lula] pode caminhar, talvez, por águas mais pacíficas, vamos dizer assim, e navegar e dialogar dentro do entendimento, ele prometeu isso na sua campanha", disse Doria, em entrevista à jornalista Roseann Kennedy, no programa Poder Expresso, do SBT News.
Para Doria, Lula precisa ouvir as pessoas mais ponderadas, se quiser realmente ajudar o país. "Que ele ouça mais o conselho de pacificadores do que de agressores. Acho que ele terá mais resultado pacificando o Brasil do que dividindo o país", complementou.
Doria acaba de lançar uma biografia: o livro O Poder da Transformação, da editora Matrix, escrito pelo jornalista Thales Guaracy. O texto começa falando sobre o dia em que ele anunciou a desistência da candidatura presidencial em 2022. E, na entrevista, o empresário, que não tem mais nem filiação partidária, diz que não tem interesse em voltar à política.
Cansado da falta de rota
O criador do movimento "Cansei", ex-representante de campanhas "anti-Lula", afirma que atualmente está cansado de o Brasil "não achar a sua rota do crescimento". Mas acrescenta que o empresariado brasileiro está com muita expectativa em relação às medidas econômicas.
Embora tenha sido defensor do teto de gastos, Doria avalia positivamente o novo arcabouço fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, um ponto importante é a busca de mais receita para o governo em áreas que não são tributáveis.
O ex-governador acha que o ministro da Fazenda poderia ser até mais ousado na taxação de aplicativos que não pagam tributos no país: "Não há razão para que nenhuma atividade econômica do país não remunere o Estado pagando os seus impostos, porque todos os demais pagam".
"Eu acho que o ministro Fernando Haddad foi até conservador na capacidade arrecadatória dessas plataformas que hoje não pagam impostos. Mas é melhor ser conservador do que ser otimista e depois ter um susto no fechar das contas", afirma.
Novos nomes para a centro-direita
Doria, que no ano passado representou uma expectativa de terceira via para disputar espaço com Lula e Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais, sugeriu que novos nomes podem surgir para representar a centro-direita "sem extremismos". Na sua lista de sugestões, está o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) e até mesmo o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que apoiou o candidato petista no último pleito.
"Há uma longa trajetória ainda pela frente. [...] São nomes que podem ser lembrados, ainda que haja um longo período até as próximas eleições em 2026", concluiu o ex-governador de São Paulo.
*Estagiário sob a supervisão de Roseann Kennedy
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