Bolsonaro ironiza Barroso: "Faltou falar 'eu sou a luz, a fé e a esperança'"

Em mais um capítulo da troca de acusações entre o chefe do Executivo e o Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, sobre ameaças à democracia e posição negacionista na pandemia. Bolsonaro falou com apoiadores no Palácio da Alvorada, nesta terça-feira (12.abr).

"Vocês viram ontem eu ser acusado de matar gente na pandemia? Outro ministro falando ?eu sou a democracia, eu sou a verdade?. Faltou falar ?eu sou a luz, a fé e a esperança. Nós vamos vencer o inimigo?, que sou eu. Esse que falou ?eu sou a verdade, a luz e a fé? foi advogado do Battisti".

No domingo (10.abr), durante o evento Brazil Conference, nos Estados Unidos, o ministro Barroso criticou o que chamou de negacionismo na gestão da pandemia e culpou o comportamento pela morte acima da média mundial no país. Em outro momento, criticou investidas populistas autoritárias, relacionando a acontecimentos diretamente ligados a Bolsonaro, mas sem citações diretas.

"No Brasil houve comício na porta do Quartel General do Exército, pedindo a volta do regime militar, fechamento do Congresso e Supremo. Isso não é natural. Houve manifestação no 7 de setembro e afirmação de descumprimento de decisões judiciais, isso não é natural", disse Barroso, que ainda completou: "o Congresso, o Judiciário continuam funcionando, a imprensa é atacada, mas continua livre, não quero minimizar os riscos, mas quero dizer que até aqui os limites têm sido traçados e de certa forma têm sido preservados".

Mas a declaração que exemplifica o STF e o Executivo em lados opostos e que acabou ironizada por Bolsonaro foi: "Precisamos de compreensão crítica de que há coisas ruins acontecendo, mas é preciso não supervalorizar o inimigo. Nós somos a democracia. O mal existe e precisamos enfrentá-los, mas o mal não pode mais do que o bem", disse Barroso.

Ainda na conversa com apoiadores, Bolsonaro voltou a prometer mais convocações de aprovados em concursos públicos ligados à segurança no âmbito federal. "O que tá acertado é mais 500 pra PF (Polícia Federal) e mais 500 pra PRF (Polícia Rodovirária Federal). Acertado com Economia, tudo certo", concluiu.