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Bolsonaro volta a citar falso estudo do TCU e chama Doria de "ditador"

Em discurso após "motociata", presidente criticou isolamento social e defendeu o "tratamento precoce"

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Bolsonaro durante discurso em São Paulo
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Em discurso no Parque do Ibirapuera, após participar de ato com motociclistas em São Paulo neste sábado (12.jun), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez diversas críticas ao governador do estado, João Doria (PSDB), chegando a chamá-lo de "ditador". Bolsonaro também voltou a defender remédios sem eficácia contra a covid-19 e a criticar as medidas de isolamento para conter a propagação do novo coronavírus -- citando, novamente, um falso estudo atribuído ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre uma suposta supernotificação de mortes pela doença.

"Houve, sim, pelo que tudo indica, segundo relatório não conclusivo do TCU, a supernotificação de casos de covid", disse o presidente neste sábado. O estudo a que ele se refere, porém, foi produzido por um auditor e não é reconhecido pela Corte de Contas que, inclusive, afastou o funcionário. Após ser desmentido pelo Tribunal, o próprio Bolsonaro chegou a dizer que errou ao citar o suposto documento.

O presidente também voltou a defender o chamado "tratamento precoce" contra a covid-19 -- que consiste no uso de remédios comprovadamente ineficazes contra a doença. Desta vez dizendo o nome dos medicamentos -- o que tem evitado em vídeos nas redes sociais, uma vez que as plataformas como o YouTube têm excluído conteúdos sobre os tratamentos ineficazes --, Bolsonaro afirmou que "parece que é pecado" falar em tratamento precoce e que tomou hidroxicloroquina quando contraiu o coronavírus no ano passado, ficando curado no dia seguinte.

"Hidroxicloroquina e Ivermectina não fazem mal nenhum", falou o presidente para, em seguida, estabelecer uma relação oblíqua entre as vacinas e os medicamentos ineficazes contra a covid-19: "Eu pergunto: o que tem comprovado cientificamente no mundo para combater o vírus? Tudo o que está aí é emergencial, é experimental. Nós temos a obrigação de buscar salvar vidas". Bolsonaro também voltou a falar de um estudo do Ministério da Saúde para desobrigar o uso de máscaras por vacinados e por quem se recuperou da covid-19. Segundo o presidente, quem discorda dessa medida -- que é desaconselhada por autoridades sanitárias -- "não acredita na ciência".

Críticas a Doria e ao isolamento

Sem citar o nome do adversário, Bolsonaro também fez críticas ao governador de São Paulo, João Doria -- que multou o chefe do Executivo federal por participar sem máscara do ato. O presidente condenou o isolamento social -- dizendo que ele "não tem comprovação científica", na contramão do que defendem os cientistas --, apontou que as medidas de restrição violam o direito de ir e vir, e que foram adotadas por um "governador que se diz democrata, mas é um ditador". Logo depois, o presidente afirmou que "joga dentro das quatro linhas da Constituição", mas que espera "que não seja necessária uma medida legal, mas contundente, para fazer cumprir medidas da Constituição" e voltou a falar que "o meu, o nosso Exército brasileiro" poderá "ir às ruas para garantir o direito de ir e vir".

Afagos a motociclistas e policiais

Falando para um público formado em boa parte por motociclistas, Bolsonaro voltou a dizer que rodovias que venham a ser concedidas -- ou ter os contratos de concessão renovados -- não terão pedágio para motos. Ele também fez elogios e agradeceu o trabalho dos policiais -- militares, federais e rodoviários -- que o acompanharam na "motociata".

Bolsonaro ainda exaltou dois dos ministros que o acompanhavam: o do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Sobre Salles, o presidente disse que ele está à frente do Ministério mais complicado, que precisa reverter o que chamou de "aparelhamento". Já em relação a Tarcísio, o chefe do Executivo mencionou obras desenvolvidas pela pasta -- como a entrega da ferrovia Norte-Sul, prometida para este ano. O ministro foi ovacionado por gritos de "governador". Em outro momento, o presidente ressaltou que não estava em campanha e que os atos que tem promovido pelo Brasil são apenas "prestações de contas".

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