No Centro-Oeste, governadores buscam reeleição e apoio de Bolsonaro
Presidente é tido como aliado dos três políticos da região que tentarão renovar os mandatos em 2022
Anderson Scardoelli
Nas eleições deste ano, três governadores da região Centro-Oeste estarão aptos a concorrerem a mais um mandato: Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Mauro Mendes (Mato Grosso) e Ronaldo Caiado (Goiás). Além da busca pela reeleição, os três têm outro ponto em comum em relação à "nacionalização" da disputa. Eles buscam dar palanque ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Filiados ao União Brasil, Caiado e Mendes buscam estratégias para colarem suas imagens à do presidente da República. Recentemente, Bolsonaro disse estar "100% fechado" com o governador mato-grossense. Apesar do mandatário do país ter declarado apoio à pretensão do deputado Vitor Hugo (PL) em concorrer ao Palácio das Esmeraldas, o atual governador goiano tem histórico de tecer elogios e marcar presença em eventos públicos ao lado de Bolsonaro.
Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) será outro político a buscar a reeleição tendo o apoio ao presidente como parte de sua estratégia de campanha, mesmo diante de seu partido apresentar o nome da senadora Simone Tebet para o Planalto. "O que eu não posso negar é que o presidente Jair Bolsonaro terá palanque aqui no Distrito Federal, que é exatamente o palanque que compõe o nosso grupo da base", declarou Ibaneis durante entrevista concedida ao SBT Brasília no último mês.
Para o pleito de outubro, o único atual governador do Centro-Oeste que não dará palanque a Bolsonaro será Reinaldo Azambuja (PSDB). Neste ano, ele encerrará o seu segundo mandato consecutivo à frente do Executivo de Mato Grosso do Sul. Além de não poder seguir na função administrativa, o tucano está, oficialmente, fora de qualquer disputa das eleições 2022, pois não renunciou e, assim, não poderá concorrer, por exemplo, a uma cadeira no Congresso.
Apoio institucional
A relação próxima de governadores com o presidente da República se dá no campo institucional. Não representa, necessariamente, que os mandatários estaduais da região sejam bolsonaristas de carteirinha. É o que avalia o pós-doutor em ciências políticas Carlos Ugo Santander. Peruano, ele atua há mais de uma década diretamente na região, sendo, desde 2011, professor associado da Universidade Federal de Goiás (UFG).
"[Governadores] procuram apoio do Executivo federal para conseguir financiamentos."
"O poder Executivo no Brasil tem muita força, dispõe de muitos recursos", comenta Ugo Santander em contato com o SBT News, ao indicar que governadores tendem a buscar manter boa relação com quem estiver à frente do Palácio do Planalto. "Por isso, eles [governadores] procuram apoio do Executivo federal, justamente para conseguir, por exemplo, financiamentos e direcionar mais recursos em seus estados."
Esse fator institucional -- e a necessidade de se buscar manter boas conversas com quem é responsável pela máquina pública na esfera nacional -- ajuda a explicar, na visão do cientista político, a ausência de apoio ao ex-presidente Lula (pré-candidato do PT à Presidência) entre quem está no poder na região. "O petista não está no governo e, assim, não tem a caneta, não tem os recursos como para poder influenciar os atuais governantes", pondera Ugo Santander.
Bolsonaro lidera na região
Outro ponto a ser levado em consideração é a popularidade local de Bolsonaro no Centro-Oeste. Pesquisa da Quest encomendada pelo banco Genial divulgada em 10 de maio apontou que trata-se da única região em que, na disputa presidencial, Bolsonaro aparece numericamente à frente de Lula: 48% contra 32% das intenções de voto em favor do representante do Partido Liberal.
Pontuação que, porém, tende a sofrer alterações. E com mudanças possivelmente desfavoráveis a Bolsonaro. Ou, pelo tom insitucional explicado pelo professor da UFG, de quem está no momento despachando diretamente do Palácio do Planalto. "Não acredito que seja uma situação impossível de se reverter. Vejo, aliás, a possibilidade que eles [Bolsonaro e Lula] possam emparelhar", diz Ugo Santander. "A maior dificuldade de quem está no governo é poder ampliar essa fronteira [da intenção de voto] mais para cima", complementa.
Perfil dos governadores da região Centro-Oeste
Com Azambuja fora da disputa, o SBT News detalha quem são os três governadores da região Centro-Oeste que irão em busca da reeleição (e, ao menos por ora, também do apoio do presidente Jair Bolsonaro).
- Ibaneis Rocha - Distrito Federal
Filiado ao MDB, o advogado Ibaneis Rocha fez a parte da leva de candidatos novatos na política que obteve êxito eleitoral em 2018. Há quatro anos, com o fato de ter sido presidente da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ele venceu a disputa pelo governo estadual. No segundo turno, no embate direto com o então governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), o emedebista conquistou 69,79% dos votos válidos.
- Mauro Mendes - Mato Grosso
Diferentemente de Ibaneis, o atual governador de Mato Grosso chegou ao pleito de 2018 com experiência na vida pública, inclusive já tendo sido prefeito da capital Cuiabá de 2013 a 2016. Filiado na ocasião ao DEM (partido que se juntou ao PSL para formar o União Brasil), Mauro Mendes chegou ao comando do Executivo mato-grossense após vencer a disputa eleitoral no primeiro turno. Ele teve 58,69% dos votos válidos.
- Ronaldo Caiado - Goiás
Em 2018, Mauro Mendes não foi o único governador eleito no primeiro turno no Centro-Oeste. Em Goiás, outro político experimentado conseguiu o mesmo feito. Com 59,73% dos votos válidos, Ronaldo Caiado assumiu o Palácio das Esmeraldas após ter sido deputado federal e senador (além de candidato a presidente da República em 1989). Na campanha vitoriosa ao governo estadual, ele contou com uma verdadeira rede de apoio. Além de seu partido, o DEM (hoje, União Brasil), a coligação encabeçada por ele foi composta por outras 11 legendas: PRP, Pros, PMN, PMB, PSC, Democracia Cristã, PSL, Podemos, PTC, PRTB e PDT.