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Eleições

Decisivos em 2018, evangélicos são meta de votos de governo e oposição

Especialistas explicam desdobramentos de cenário político influenciado pelas religiões

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Decisivos em 2018, evangélicos podem perder força eleitoral em 2022
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A seis meses das eleições, o Brasil está dividido entre dois principais candidatos ao Planalto: o ex-presidente Lula (PT) e o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL). Enquanto outros partidos tentam consolidar a chamada terceira via, pesquisas de intenção de voto mostram um cenário político cada vez mais polarizado. 

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Em 2018, o quadro não era diferente. Dois presidenciáveis com ideais opostos protagonizaram uma disputa acirrada. Defensor de pautas conservadoras, e com o slogan de campanha "Deus acima de todos", Bolsonaro conquistou um eleitorado que, naquele pleito, seria decisivo para sua eleição: o dos evangélicos. 

O grupo finalmente encontrou um candidato de direita que o representasse por completo em suas pautas. Bolsonaro sempre sinalizou que continuaria sendo prestativo aos anseios da ala ao indicar, por exemplo, André Mendonça - a quem o presidente chamava de "terrivelmente evangélico"- ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

É o que explica o doutor em ciência política Leandro Gabiati. "As igrejas evangélicas se transformaram em espaços de acolhimento e amparo para parte da sociedade que se sente fragilizada diante da ausência do Estado, por exemplo", diz. "O PT, que tradicionalmente teve presença política forte nas áreas periféricas das grandes cidades, acabou cedendo terreno para o avanço dos neopentecostais", acrescenta. 

Ou seja, se em eleições anteriores o segmento teve que votar em candidatos de centro ou centro-direita, pois careciam de outra alternativa política, hoje Bolsonaro conseguiu se transformar em líder e voz de setores mais radicalizados. Além disso, o projeto de lei (1581/2020), que perdoa dívidas tributárias de igrejas, sancionado pelo presidente da República, beneficiou pastores próximos ao chefe do Executivo. Bolsonaro chegou a vetar parcialmente a proposta, mas manteve a anistia das multas por não pagamento da contribuição previdenciária. 

"Nas eleições de 2018, os católicos representavam mais de 50% do eleitorado, enquanto os evangélicos representavam cerca de 30%. Contudo, no segundo turno, os católicos se dividiram e a metade votou em Fernando Haddad e, a outra metade, votou em Jair Bolsonaro. Entre os evangélicos, apenas 30% votaram em Haddad e 70% votaram em Bolsonaro", lembra José Eustáquio, pesquisador aposentado do IBGE e doutor em demografia. 

Inversão de cenário

De acordo com pesquisa Datafolha, os evangélicos somam 31% da sociedade, dando considerável força política ao presidente no projeto de reeleição. No entanto, os católicos ainda são maioria no Brasil: 50%.

Por outro lado, em 2022, Eustáquio ressalta que a tendência é de que ocorra o inverso do que foi observado na última eleição para Presidência. "Pesquisas indicam que o eleitorado evangélico está dividido entre Lula e Bolsonaro. Já os católicos devem, na maioria, votar em Lula. Ou seja, os evangélicos foram decisivos nas eleições de 2018, mas agora os católicos é que devem ser a força decisiva", analisa. 

Apesar disso, o demógrafo lembra que o Brasil está vivendo uma transição religiosa. Segundo estudo feito por ele, em termos percentuais, os católicos representavam mais de 90% da população em meados do século XX, mas esse quadro mudou rapidamente nas últimas décadas. 

O número de brasileiros adeptos da religião evangélica cresce, em média, 0,8% ao ano desde 2010, enquanto a quantidade de católicos diminui 1,2%. Com isso, a partir de 2032, se a curva for mantida, os evangélicos devem se tornar maioria no país. Veja o gráfico a seguir:

prof eustáqui pesquisa
Fonte: José Eustáquio Diniz Alves

Na última pesquisa XP/Ipespe, divulgada no início deste mês, foi constatado que Bolsonaro chegou a perder para Lula por cinco pontos percentuais dentro do eleitorado evangélico, em levantamento feito em março. Agora, ele tem 40% das intenções de voto desse segmento religioso, contra 33% do petista. 

No entanto, vale lembrar que a pesquisa é anterior às falas de Lula sobre aborto, ou seja, o levantamento não reflete essa questão sensível para o eleitor que se considera conservador. "Logicamente, a pauta de costumes conservadora defendida por Bolsonaro tem um elevado apelo entre os evangélicos", ressalta Leandro Gabiati. 

Enquanto isso, no Congresso 

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirma que boa parte da frente apoiará a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. "Justamente porque todos os demais pré-candidatos são totalmente divorciados das pautas de valores, que são tão caras a nós", diz. 

O deputado federal Pastor Marco Feliciano (PL-SP), que também integra a Frente Parlamentar Evangélica, diz que, dentro do Congresso, o cenário é de preocupação com a reeleição. "Observo que entre meus colegas evangélicos, a grande maioria tende a apoiar Bolsonaro, principalmente pela pauta dos costumes. No atual quadro de candidatos, não há outro que vá ao encontro dos ideais da bancada. A chamada terceira via é natimorta e não tem nenhum nome simpático a nós evangélicos", afirma. 
 

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