Tragédia no Sul deve afetar preço do arroz em todo o país e mobiliza governo federal
Estado é o maior produtor nacional do grão. Especialistas explicam impacto das perdas para economia além do território gaúcho
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou na terça-feira (7) que o governo federal importará um milhão de toneladas de arroz para suprir as perdas com inundações no Rio Grande do Sul, onde as chuvas já afetaram 417 municípios e deixaram 100 mortos.
A ação do Palácio do Planalto pode ser explicada pelo fato de que cerca de sete a cada 10 quilos do grão consumidos no Brasil saem do território gaúcho.
Em 2024, quase 80% da safra do grão foi colhida. Mas o restante da produção, em risco por causa dos alagamentos, pode chegar a um milhão e meio de toneladas.
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Impactos nacionais
“Há uma mescla entre a perda da lavoura não colhida e também da perda de produtos já colhidos, que serão afetados pelas questões de logística, escoamento, estradas, saídas interestaduais”, disse ao SBT Brasil Carlos Cogo, consultor em agronegócios.
A soma de fatores faz com que as chances de prejuízo econômico dessa situação cruzem as fronteiras do estado. Uma das maiores preocupações é o possível encarecimento do produto nas prateleiras dos mercados.
Para Felipe Serigatti, pesquisador do FGV Agro, centro de pesquisas da Fundação Getulio Vargas, o choque deve ser transitório e não representa risco de desabastecimento do grão a nível nacional. “Baixando a água, havendo renda e financiamento para esses produtores [gaúchos], no próximo ciclo volta [o nível regular da produção]”, explicou.
Mas a retomada passa diretamente pela ação do poder público na reação às perdas e na preparação para episódios de calamidade como o atual.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo federal vai criar um mecanismo para diversificar a produção do arroz e reduzir a dependência regional dessa produção. “Quando houver um problema em um estado, a produção dos outros compensa”, disse.