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Economia

Traduzindo o economês: afinal, o que é “ataque especulativo”?

Com a subida rápida do preço do dólar no Brasil, as palavras "especulação" e "ataque" têm aparecido no noticiário. Economistas explicam o porquê

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Além de ser a moeda dos EUA, o dólar é uma mercadoria valiosa e segura para investidores | Pexels
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Com a subida rápida do preço do dólar no Brasil nesta semana, uma expressão usada por economistas e participantes do mercado financeiro repercute na imprensa: “ataque especulativo”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, citou a expressão ao falar do movimento da moeda norte-americana, que tem se valorizado rapidamente diante da moeda brasileira, o real.

Além de jornalistas e comentaristas econômicos, o futuro presidente do Banco Central brasileiro, Gabriel Galípolo, também citou a expressão ao dizer que ela “não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado atualmente”.

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Mas você sabe o que significa "ataque especulativo?

Um ataque especulativo ocorre quando investidores tentam obter ganhos significativos aproveitando-se de fragilidades em uma moeda ou economia. Imagine como se fosse um "jogo de pressão" contra o sistema financeiro de um país, onde apostas massivas contra a estabilidade de uma determinada moeda buscam forçar a desvalorização ou quebra da política cambial vigente.

No livro “A Trajetória da Crise Financeira Internacional na Era da Globalização”, de 2022, o autor Hélio Ricardo Moraes Cabral explica que um ataque especulativo "é a resposta dos investidores contra a moeda de um país”, ou seja, um movimento orquestrado.

“Se a moeda estiver sobrevalorizada ou o país estiver muito dependente da moeda estrangeira, as chances podem ser boas”, explica o Cabral, lembrando que a economia brasileira sofreu um ataque desta natureza em outubro de 1998, após alertas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

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O dólar é um ativo de segurança

A economista Carla Beni, professora da FGV, explica que o dólar, além de ser uma moeda, é também uma commodity, ou seja, uma mercadoria. E como qualquer outro produto, tem um valor de compra e venda. O valor do dólar pode oscilar, mas a moeda costuma ser vista sempre como um “ativo de segurança”.

“O dólar é a moeda que o mundo interior deseja, e é a reserva internacional desde a Segunda Guerra Mundial, com a reunião de Bretton Woods”, explica, referindo-se à conferência internacional que resultou na criação de instituições financeiras globais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, para promover a cooperação econômica e desenvolvimento das nações no pós guerra.

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Ainda de acordo com Carla Beni, “como o mundo interior deseja dólares, ele também especula com os dólares. Então, pode haver uma migração entre saída da Bolsa de Valores e ir para o dólar, sair do dólar e ir para a Bolsa. Com qualquer instabilidade política, você vai às compras, ou seja, vai comprar dólar para ter segurança em suas posições.”

Como funciona um ataque especulativo?

Os especuladores compram grandes quantidades de moeda estrangeira, vendendo a moeda local, o que gera pressão e desvalorização.

Em momentos de crise econômica mais profunda, economistas alertam para “ataque especulativo intenso", que ocorre quando “comerciantes de moeda de repente adquirem a totalidade das reservas estrangeiras restantes do banco central”, segundo Paul R. Krugman, Maurice Obstfeld, Marc. J. Melitz, autores do clássico “Economia Internacional”.

É como um "tsunami financeiro" que pode derrubar as estruturas econômicas de uma nação. Para se defender desse movimento, os governos precisam manter reservas de dólar bem robustas, políticas cambiais consistentes e credibilidade internacional, impedindo que especuladores vejam brechas para atacar a moeda nacional.

Tanto o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, como o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, têm defendido a estabilidade e solidez da economia brasileira, enfatizando que o país não está vulnerável a uma crise financeira neste momento.

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