Dólar fecha a R$6,26, maior cotação desde o Plano Real
Especulação, decisão de juros nos Estados Unidos e tramitação do projeto de corte de gastos no Brasil fizeram moeda estrangeira disparar nesta quarta (18)
Marcela Guimarães
Em mais um dia de estresse no mercado financeiro, o dólar alcançou um novo recorde, fechando a quinta-feira (18) a R$ 6,267. Este é maior valor da moeda estrangeira desde o início do Plano Real, em 1994. A valorização de 2,82% em um dia - a maior dos últimos dois anos - é reflexo de uma combinação de fatores internos e externos, além da especulação no mercado financeiro.
Aqui no Brasil, o cenário de incerteza sobre as medidas do governo para cortar gastos do país - aprovadas pelo Congresso - provocou reações "exageradas" do mercado financeiro na ótica do governo brasileiro.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a falar em "ataque especulativo" contra o real, ou seja, quando investidores em uma moeda que está vulnerável ou fragilizada abandonam suas posições vendendo intensivamente essas divisas.
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Mas o movimento do dólar aqui no Brasil também sofreu as consequências da política monetária norte-americana. O Federal Reserve (Banco Central dos EUA) anunciou também nesta quarta (18) o corte nos juros do país - para o intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano - o que não trouxe alívio esperado para o câmbio por aqui.
A expectativa de juros mais altos por mais tempo nos EUA tem mantido o dólar forte, gerando aversão ao risco e afetando o fluxo de capitais para mercados emergentes, como o Brasil. A bolsa de valores brasileira também sentiu o impacto, com o índice Ibovespa caindo 3,15%, fechando aos 120.772 pontos.
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O Banco Central brasileiro fez, nos últimos dias, intervenções no câmbio, realizando os chamados leilões de dólar, ou seja, venda de moeda norte-americana no mercado à vista, o que costuma fazer a moeda baixar pelo aumento da oferta. Mas a estratégia não surtiu efeito.